São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

E a seleção botou mais água no feijão

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, não deu outra. Carne-seca e feijão no primeiro jantar da seleção nos EUA.
Feijão tem mesmo gosto de festa.

Não sei não, mas me incomoda um pouco o fato de outras seleções estarem fazendo mais e mais duros jogos preparatórios do que a nossa.
Mas é só um incomodozinho interior, aqui comigo mesmo, viu gente?

Excelente a idéia do Sílvio Lancellotti, que também é da nossa equipe de juniores, de punir, durante a primeira fase da Copa, o zero a zero com zero ponto. Não fez gol, não tem ponto. E pronto.
Como ele mesmo mostrou, a história dos Mundiais seria bem outra.

Aliás, Silvio disse na sua coluna de sexta-feira que Arrigo Sacchi optou pelo 4-3-3. Se três atacantes virou crime até no Brasil, imagine na Itália.
Bem ou mal, ele colheu ontem um triunfo que acalmará os italianos por algum precioso tempo.

O Muller vem sendo bastante criticado, as preferências têm sido para o Ronaldo ou o Viola como mais um atacante, mas eu ainda continuo com o são-paulino.
Com finalizadores como Romário e Bebeto, ele, que é um excelente preparador de jogadas mesmo contra as marcações mais fortes, seria extremamente útil.

Meus amigos, meus inimigos, a Folha vem oferecendo um excelente mapeamento das seleções que estarão na Copa através dos artigos do "cientista da bola" Jairo dos Santos, o espião da CBF.
Trata-se de um trabalho de quem observou diretamente os times da competição. E de quem estuda cuidadosamente a evolução do futebol. Convém ler, meditar e guardar, viu moçadinha?.

Tem muito time de qualidade aí se dando mal nos últimos amistosos preparativos para a Copa. Entre eles a Bolívia, a Argentina e a Suécia, nossa adversária.
Diz a experiência que quem costuma fazer prognósticos para o Mundial usando as campanhas preparatórias às vésperas do torneio, costuma se dar mal. Aliás, muito mal.

Um passarinho que andou conversando bastante nos últimos dias com os jogadores convocados por Parreira me informa que há um, entre os 22, que acha que o Brasil não é favorito.

Taffarel, Jorginho, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes, Branco e Dunga.
Estes seis titulares de Parreira, responsáveis pela idéia de que o time está fortalecido na marcação, estavam no time de Sebastião Lazaroni, na Copa da Itália.
Mais precisamente, estavam em campo no Estádio Delle Alpi, em Turim, no dia 24 de junho (mesma data do nosso jogo contra Camarões, nos EUA) de 1990. Dia em que a Argentina eliminou o Brasil.
O pior é que a dupla Maradona e Cannigia, que vazou esta defesa, também estará lá pelos EUA. Eles estarão louquinhos para estragar a festa dos outros.

Aliás, na última Copa o Brasil ficou devendo. O considerado melhor futebol do mundo não teve nenhum de seus jogadores escolhido para a seleção do Mundial da Itália.

Já que o Ben Jor e o Caetano também vão para os EUA, que eles mostrem por que é que Santa Clara clareou. E por que ela é a padroeira da televisão.
Salve Santa Clara-a-a.

Texto Anterior: Júnior viaja para espionar a Rússia; A FRASE; O NÚMERO; Seleção faz amistoso contra time do Ajax; Técnico define zaga que enfrenta o Brasil
Próximo Texto: Bebeto diz que será o astro do Mundial
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.