São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 1994
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Documento do Besc mostra gastos com comício

EUMANO SILVA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos um documento interno do Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) obtido pelos deputados José Dirceu (PT-SP) e Luci Choinacki (PT-SC) indica que o banco pagou o transporte de seus funcionários para assistir a um comício público.
O documento é explícito: Cr$ 1.400.000,00 (cerca de US$ 157,03) foram utilizados para pagamento de "viagem especial de Criciúma a Florianópolis transportando empregados do Besc para assistir a comício público", em 11 de novembro de 1985.
Esse documento é uma "ficha de cruzamento", usado para transferências internas do Besc. Ele é numerado: Série Y 78450.
Operação
Uma operação envolvendo a agência "9 de Março" em Joinville (SC), segundo os deputados petistas, demonstra todo o ciclo do "subterfúgio" apontado pelo Banco Central.
Em 12 de novembro de 1985, dia seguinte ao comício, uma operação da agência "9 de Março" realizou dois débitos que totalizam Cr$ 5.559.600,00 (cerca de US$ 634,65).
Esses débitos, segundo uma "ficha de cruzamento", são referentes a viagem a Florianópolis "conforme instruções" do diretor de Crédito Rural do Besc, Mário Roberto Cavalazzi.
No mesmo dia, os dois débitos foram estornados (desfeitos).
A avaliação dos deputados é que esses estornos foram feitos para que não constasse na documentação do Besc a referência à viagem e a Cavalazzi.
Reunião
A diretoria do banco realizou, segundo Dirceu e Luci, uma reunião no dia 18 de novembro daquele ano para tentar regularizar os repasses que pretendiam fazer para o pagamento dos ônibus.
A ata dessa reunião registra a autorização de uma dotação de Cr$ 44.643.860,00 (cerca de US$ 5.012,00) para as associações de empregados de 21 agências.
À associação de Joinville, foram repassados exatamente os Cr$ 5.559.600,00 que haviam sido estornados.
O relatório do Banco Central inclui depoimentos de vários funcionários do Besc.
Eles afirmaram que o dinheiro das doações às associações atléticas dos funcionários do banco foi usado para efetuar o pagamento dos ônibus.

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