São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 1994
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URV não vale para 25% dos produtos

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 25% dos produtos comercializados nos supermercados ainda estão sendo adquiridos dos fornecedores em cruzeiros reais.
A informação é de Omar Assaf, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas)."Isso é muito", diz ele.
Tomando por base uma loja com 4.000 itens, equivale a dizer que o preço de mil produtos devem ser convertidos para URV até o dia 1.º de julho, data em que o real entra em circulação.
As mercadorias que não tiverem os preços convertidos vão ficar fora da loja ou serão acertados depois do real, explica Assaf.
A maior parte dos produtos, cujos preços se mantêm em cruzeiros, vem de empresas de pequeno e médio portes.
Assim como os pequenos supermercados, essas empresas não conseguiram assimilar a URV.
No caso dos pequenos e médios supermercados, a dificuldade é projetar um preço de venda em cruzeiros reais que compense o custo do produto em URV, corrigido diariamente até a data do pagamento.
Atualmente os pequenos e médios supermercados respondem pela metade de US$ 10 bilhões, o que o setor vendeu em 93 no Estado de São Paulo.
Quanto às declarações do governo de que quem fala em aumento de preço agora vai ter de mudar de ramo, Assaf diz: "Esse é o preço que a gente paga por estar em uma economia instável. A culpa da instabilidade econômica não é dos supermercados."
O setor não tem uma previsão de quantos estabelecimentos vão cair fora do mercado em função do fim do ganho financeiro patrocinado pela inflação alta e que até hoje deu lucratividade ao setor.
Dorothea Werneck, ex-secretária para preços do ministério da Fazenda e atualmente consultora da Trevisan, é uma das primeiras a falar em redução do número de supermercados com a possível estabilização da economia, diz que o setor tem três saídas.
A primeira é reduzir sua margem de ganho para compensar a queda na receita financeira.
A segunda é aumentar preços. Segundo ela, a evidência de que isso já estaria ocorrendo é que o índice que mede os preços no atacado ter subido menos do que o do varejo nas últimas semanas.
A terceira opção é readequar custos por meio de um programa de qualidade e produtividade.
Ela diz que as grandes redes iniciaram esse processo, que leva de 6 meses a um ano. O desafio agora fica para os grupos médios e pequenos.

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