São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 1994
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Franquias não tradicionais

MARCELO CHERTO; MARCUS RIZZO

MARCELO CHERTO e MARCUS RIZZO
Por incrível que possa parecer, muita gente ainda acha que franquia é algo que só se aplica a lanchonetes, lojas, de perfume e lojas de roupas.
Ora, só no Brasil (onde o franchising ainda está na sua infância e tem muito para evoluir), a edição 1994 do Guia de Oportunidades em Franchising, publicado pelo Instituto Franchising, dá conta de que há mais de 120 segmentos da atividade empresarial nas quais o sistema já vem sendo aplicado. Na maior parte dos casos, com sucesso.
Nos EUA, então, nem se fala. Até sistemas de limpeza de churrasqueiras e salões de manicure os gringos já estão franqueando. Nas últimas vezes em que estivemos por lá, esbarramos com conceitos de negócios bem diferentes sendo franqueados. Alguns deles, que poderão "inspirar" empreendedores brasileiros:
1- Takeout Taxi: franquias de sistema de entrega a domicílio de pratos dos mais diversos restaurantes. Mais de 150 franquias já em operação. No fundo, o que os carinhas da empresa franqueadora fizeram foi passar a limpo um serviço que a rapaziada do rádio táxi da vida já presta de maneira informal.
É o seguinte: o cliente (que deve morar dentro de um determinado raio, a partir da franquia) recebe um folheto ou um menu e liga para o franqueado pedindo, digamos, um Frango à Cambalhota do restaurante Le Trambique, que consta do cardápio oferecido por aquela franquia específica. Não por acaso, o tal restaurante está situado na área de atuação do franqueado dono dessa unidade. Esse franqueado, então, entra em contato com o tal restaurante, com quem já celebrou um acordo antes e, em seguida, aciona um motorista, via rádio, para ir buscar o tal prato e levá-lo até o cliente.
Os mocinhos da franqueadora inclusive desenvolvem um software específico que ajuda o franqueado a vender seus serviços, basicamente via marketing direto, e a controlar os pedidos e entregas e gerenciar o relacionamento com cerca de dez a 20 restaurantes com o quais deve manter o tal acordo. E, acima de tudo, a formar um banco de dados extremamente valioso, com os nomes, endereços, hábitos e preferências de cada cliente. Bem sacado!
2- Hakky Instant Shoe Repair: franquias daquelas oficinazinhas de conserto de sapatos, bolsas e coisas do gênero. Só que com um belo "banho de loja" em cima. Cada lojinha franqueada também faz consertos rápidos em roupas (fazer uma bainha, pregar um botão, etc...) e cópias de chaves. O negócio nasceu na Europa e depois foi transplantado para os EUA, onde já existem mais de 70 lojas (fora as mais de 80 européias). Além disso, a empresa acaba de abrir sua vigésima franquia no México. O material de divulgação da Hakky diz que vários franqueados já estão na segunda ou até terceira loja, o que, se for mesmo verdade, mostra que os mesmos estão felizes com os resultados da franquia.
3- GNC: uma rede de mais de 1.500 lojas especializadas na venda de vitaminas, sais minerais e suplementos alimentares para esportistas. Algo super na moda, especialmente na Gringolândia. Contudo, é preciso ressaltar que, apesar do jeitão de modismo que a coisa toda possa ter, a empresa mãe tem quase 60 anos de vida. Ou seja: nasceu bem antes do tal de "Culto ao Corpo". A franqueadora já esteve negociando com um empresário do interior de São Paulo, mas parece que o negócio não foi adiante. Uma pena...

MARCELO CHERTO e MARCUS RIZZO são diretores da Cherto & Rizzo Franchising e do Instituto Franchising, professores da FGV e da Franchising University, escritores e conferencistas.

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