São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 1994 |
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Da Reportagem Local
DA REPORTAGEM LOCAL "Salvem as baleias", "Proteja o mico-leão dourado". Quem nunca viu um desses adesivos circulando nos vidros de carros pelas cidades?Pois é, a partir do fim da década de 80, principalmente a nos meses que antecederam a Eco- 92 (realizada em junho de 92 no Rio), ecologia passou a ser a palavra de ordem. Coisas que antes eram consideradas estranhas, como a reciclagem de lixo, viraram mania. Vários postos de coletas foram instalados pelas cidades e produtos de papel reciclado foram lançados no mercado. A onda da reciclagem atingiu até as escolas, que passaram a adotar a seleção de lixo como meio de educação ambiental. No vácuo da Eco-92 foram lançados vários livros ecológicos. A onda "verde" contaminou também as artes plásticas. Durante a Eco-92, uma mega-exposição com a presença de 120 artistas plásticos ocupou o MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio. Todos os artistas presentes fizeram obras relacionadas a ecologia. O tema ecológico virou tema até de uma música da Xuxa, que pregava a preservação do boto cor-de-rosa. As viagens ecológicas também viraram mania. Conhecer o Pantanal matogrossense ou viajar para a Amazônia, fazendo caminhadas e dormindo em redes, também se transformou em uma febre. A ecologia tomou de assalto até as telenovelas . Como Pantanal (1990), da rede Manchete, grande sucesso de audiência e considerada um marco inovador na forma de fazer novelas –belas paisagens, muito erotismo e ritmo lento. A música pop também se rendeu à causa ecológica. A banda australiana Midnight Oil, por exemplo, é considerado o grupo mais ecologicamente correto. Suas músicas pregam a preservação da natureza e eles participam de atos ecológicos. Até mesmo alguns punks já se renderam à mania ambientalista. Jello Biafra (ex-líder da extinta banda punk Dead Kennedys) estava por acaso no Brasil durante a Eco-92 e se juntou aos ecologistas do Greenpeace durante uma manifestação em frente ao consulado norte-americano. Essa onda toda criou também um contra-movimento. Várias pessoas adotaram o lema "Ecologia, tô fora", entre eles João Gordo, vocalista do Ratos de Porão. No disco "Brasil", eles lançaram a música "Amazônia Nunca Mais". A letra desconfia da onda ecológica. "Morte para quem defende o verde e os animais, doenças, misérias, queimadas." Mas teve gente que levou o negócio a sério. O Fórum Global (reunião de Organizações Não-Governamentais), realizado durante a Eco-92, reuniu ONGs do mundo inteiro para debates sobre problemas ecológicos e possíveis soluções. Texto Anterior: Pedalar é bom para você Próximo Texto: Faculdades atraem alunos em vestibular de inverno Índice |
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