São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 1994
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Pragas limitam a produção de laranja

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A produção brasileira de laranja poderia passar das atuais 300 milhões de caixas para 400 milhões de caixas por ano, se não fossem as pragas que atingem os laranjais.
A afirmação é de José Eduardo Oliveira de Lima, 40, diretor científico da Procitrus, entidade privada de pesquisa de citros.
A bacteria Xylella fastidiosa, conhecida como "amarelinha", é a que mais ameaça os pomares brasileiros de laranja.
A "amarelinha" se aloja na árvore, impede a circulação da seiva (líquido que garante a alimentação da planta), causa o definhamento do laranjal, que vai ficando amarelado, até morrer.
"A doença tem aumentado em ritmo crescente e deve, em um futuro próximo, limitar a produção de laranja," diz Lima.
O problema, lembra o diretor da Procitrus, é que uma nova árvore leva cerca de quatro anos para começar a produzir.
Lima estima que os gastos com a prevenção da doença elevam hoje entre 10% e 20% o preço da caixa da laranja.
Outra doença, a "estrelinha", é um fungo que ataca a flor dos laranjais. Sua incidência aumenta quando há chuvas na época da florada, já que a umidade favorece o desenvolvimento do fungo.
"A estrelinha deve causar uma perda entre 30 milhões e 50 milhões de caixas de fruta nesta safra", estima Lima.
Segundo ele, nos últimos cinco anos, 150 milhões de caixas de frutas se perderam com a doença.
A praga deve ser combatida com a aplicação de fungicida durante a florada. Em média, são necessárias duas aplicações do agrotóxico por safra.
Lima explica que como a doença é relativamente nova (começou a atacar os pomares brasileiros em 89), os técnicos ainda estão estudando as melhores épocas e dosagens de aplicação do veneno.
Cochonilhas (insetos sugadores) e o "bicho-furão" (lagarta que fura a fruta) são pragas que devem derrubar mais 2 milhões de caixas nesta safra.
Chuvas de granizo e temporais são outros fatores que provocam quebra da produção e trazem prejuízos ao agricultor.
Há duas semanas, um forte vendaval, com chuvas de granizo, causou a destruição de frutas na região de Ribeirão Preto, a noroeste de São Paulo.
Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores Cítricos (Abecitrus), diz que não é possível, ainda, estimar as perdas do citricultor.
"O prejuízo não foi catastrófico mas mostra que a citricultura não está imune aos desastres climáticos e que o agricultor deve se preocupar em fazer um seguro de sua produção", diz Garcia.
Em 89, uma forte geada na Flórida (principal região produtora da fruta nos Estados Unidos) causou a perda de 25 milhões de caixas de laranja. O volume equivale a 100 mil toneladas de suco.
Na década de 80, diversas geadas naquele país provocaram perdas na produção.
Até hoje, notícias sobre geadas e pragas que atingem a plantação norte-americana afetam a cotação do produto na Bolsa de Nova York e têm consequência nos preços do produto em todo o mundo.
(SB)

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