São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 1994 |
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O problema é mais embaixo
JANIO DE FREITAS A história de que Guilherme Palmeira ofereceu a devolução do lugar de vice de Fernando Henrique, por ter o seu PFL alagoano se aliado ao grupo de Collor e ao PPR de Amin, não está bem contada pelo próprio Palmeira. Ele já vinha dizendo que o PFL de Alagoas não aplicaria a coligação com o PSDB. E na semana passada chegou a ser publicada uma declaração sua, segundo a qual os pefelistas alagoanos não dariam votos a Fernando Henrique. Não houve, portanto, surpresa que justificasse a repentina devolução da candidatura.O problema é mais amplo e o desconforto de Palmeira é maior. O fato é que a coligação PSDB–PFL ainda não se consolidou e continua dependendo de articulações que, no entanto, nenhum dos dois partidos está tentando desenvolver. Sem este esforço e, se houver, caso não chegue ao difícil êxito, a coligação das duas cúpulas partidárias não se estenderá a grande parte das bases pefelistas. Antes de Alagoas, a ida de Fernando Henrique ao Ceará tinha prenunciado as dificuldades, nem se diga de integração, mas até de simples aproximação das duas bases partidárias. Os pefelistas cearenses ignoraram toda a programação em que eram esperados. Não importa se o fizeram mais por sua inconveniência com Ciro Gomes e Tasso Jereissati ou por repúdio à coligação mesma. A dificuldade de juntar no mesmo palanque pessoas que no município são adversários ásperos, quando não inimigos ferozes, é uma regra que os acordos de cúpula não conseguem, por si sós, reverter. Regra que, nas atuais limitações da coligação PSDB–PFL, Fernando Henrique vai constatar com frequência, embora a considere apenas "politiquice". E a cúpula do PFL, inclusive Guilherme Palmeira, já sente como um problema crescente para sua posição no partido. Tradição ameaçada A sequência de episódios extravagantes nas altas instâncias do Judiciário do Rio já tem mais um lance. Está em curso uma articulação para reformar o regimento do Judiciário com a finalidade de reeleger, para mais dois anos de mandato, o presidente do Tribunal de Justiça, Antonio Carlos Amorim. O impedimento de reeleição é uma norma tradicional nos tribunais, para que o rodízio dificulte a cristalização de poderes inconveniente à distribuição desinteressada e democrática de justiça. Grupo dos onze No segundo semestre do ano passado, o presidente da Telerj, José de Castro Ferreira, contratou 11 pessoas por um motivo que só pode ser definido pela velha palavra empreguismo. O contrato se encerraria no último dia do governo Itamar. Nem está tão próxima esta data, e já o setor jurídico da Telerj foi incumbido de estudar a substituição do contrato temporário pela efetivação. Entre os 11 amigos de José de Castro Ferreira, seis são militares. Cada um do time tem salário em torno de CR$ 4,5 milhões. Sem incluir a correção de maio, bem entendido. Texto Anterior: Norte-Sul ganha mais verba e Maranhão é beneficiado Próximo Texto: Procurador pede investigação sobre Fiuza Índice |
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