São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 1994 |
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Telesp decreta fim de linha erótica
VICTOR AGOSTINHO; LUIS HENRIQUE AMARAL
"Foi uma pressão organizada, generalizada, política, moral, religiosa e muito forte", segundo Carlos Eduardo Sampaio Dória, diretor da Telesp. "É hipocrisia. Um retrocesso. O telespectador assiste no Fantástico garotas peladas, de peito de fora, e ninguém fala nada. Depois, vê filmes com mulheres peladas, e tudo bem. Até na Itália, berço do catolicismo, existe esse serviço", disse Alfredo Moreira, diretor da Check List (Sol Sexy), suspensa agora. Deixarão de funcionar até dezembro deste ano 13 serviços eróticos (veja quadro). Os quatro serviços desativados nos próximos dois meses são Sonhos Eróticos, Sol Sexy, Conversas Deliciosas e Histórias Eróticas. Dados da Telesp mostram que a linha erótica, com 13 serviços, representa hoje 40% do movimento da série 900, que tem 104 linhas. Para se ter uma idéia do movimento, a linha Conversas Deliciosas recebeu em março 105.357 ligações. Só perdeu em março para o Tele-Esoterismo, que teve 121.923 chamadas. Os preços da série erótica variam entre 1,8 URV (CR$ 3.320,44) por minuto a 3,95 URV (CR$ 7.286,52). "A interrupção não é uma boa decisão do ponto de vista financeiro. Isso representa uma perda de US$ 4 milhões por ano. Se a Telesp não fosse uma empresa pública, além de não interromper a série, ampliaríamos o serviço", disse Sampaio Dória. A Arquidiocese de São Paulo informou ontem que a instituição não pressionou a Telesp para acabar com o serviço. Segundo D. Fernando Penteado, bispo da Lapa, os bispos de São Paulo não discutiram o assunto, mas ele apóia a decisão. "A medida é saudável. Vai ao encontro dos valores da família", disse. Para o bispo, as gravações eróticas "não ajudam em nada na formação de crianças e adolescentes e, pelo contrário, prejudicam". (Victor Agostinho e Luis Henrique Amaral) Próximo Texto: Cantora que empresta 'voz sexy' critica decisão Índice |
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