São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 1994 |
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"Suicídio é ato de autoridade", diz a carta
MARCELO GODOY
O 5º DP (Aclimação) procurou o médico Fauzer Abrão Simão, do Hospital do Câncer, mas ele não revelou qual era o estado clínico da mulher do advogado, Anna Maria de Almeida e Castro e Floripes, que estava tratando um câncer. Os policiais estão procurando familiares do advogado para levantar informações. Em sua carta-testamento, ele alega "razões de foro íntimo" para o suicídio. Além da doença de Anna Maria, havia a deficiência mental do filho do casal, Márcio de Almeida e Sólon de Castro Floripes. Márcio passava a semana em uma clínica se tratando e só retornava para casa nos fins-de-semana. Márcio era filho único. A polícia constatou que o advogado era uma pessoa religiosa, pois ele tinha em seu apartamento vários crucifixos, imagens de santos e de Nossa Senhora. Na sala, Floripes tinha uma tapeçaria sobre a Santa Ceia, em uma parede. Na parede oposta, além de fotos da família, havia um quadro com um retrato do ditador alemão Adolf Hitler. Na foto, Hitler está descendo as escadarias da Chancelaria do 3º Reich, sede do governo nazista. Hitler e sua mulher, Eva Braun, também se suicidaram, após as tropas da ex-URSS cercarem Berlim, então capital alemã, no fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945. Em sua carta, o advogado diz que o suicídio pode ser "um ato de covardia" ou "de autoridade", para, em seguida, dizer que, no seu caso, a segunda hipótese é a verdadeira. Ele pede, na carta, para que os corpos de sua família sejam "incinerados" e cita um verso do poeta Mário Quintana: "A morte é a libertação total". "É certo que o filho foi morto pelos pais, pois ele não teria discernimento para se matar. Em seguida, o casal deve ter se suicidado", disse o delegado Wagner Storti, 36, do 5º DP. (MG) Texto Anterior: Revolta de presos dura 14 horas em Jacareí Índice |
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