São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 1994
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O Corinthians da NBA

FÁBIO SORMANI

Se você já esteve no Madison Square Garden, em Nova York, já constatou. Se viu os jogos dos Knicks pela TV, também. A torcida do time é a mais vibrante entre todas as da NBA.
O entusiasmo dos nova-iorquinos é tamanho que fica impossível evitar um paralelo com o futebol brasileiro. Por isso, não tenho o menor receio de afirmar que os torcedores dos Knicks são a Fiel do basquete norte-americano. Em outras palavras, o New York é o Corinthians da NBA.
Tanto lá como cá, não existe jogo perdido. O adversário pode estar na frente, jogando melhor, engolindo o time da casa e, mesmo assim, os torcedores não desistem. Gritam, vaiam e intimidam o adversário, pressionam a arbitragem, incentivam seus jogadores. Não param nem um minuto sequer.
Não é exagero algum afirmar que foi a Fiel nova-iorquina, por exemplo, que fez com que os Knicks derrotassem o Chicago Bulls nas semifinais do Atlântico.
O Chicago chegou a dominar nada menos do que três dos quatro jogos disputados em Nova York. Mas acabou derrotado em todos.
Os torcedores dos Knicks são tão fanáticos que chegaram ao ponto de ir a Jersey City para empurrar o time nos jogos contra o New Jersey Nets, pela primeira fase do playoff. E a torcida do New York foi maioria no ginásio.
Em Chicago, poucos se atreveram a pegar um avião para incentivar o time. Afinal, é a terra de Al Capone e a barra por lá é pesada.
Mas o diretor de cinema Spike Lee, nova-iorquino do Brooklin, meteu sua camisa azul número 3 (presente de John Starks), comprou uma cadeira e foi visto até dentro da quadra incentivando o time. Torceu tanto que Scottie Pippen, dos Bulls, perdeu a paciência e foi bater boca com ele.
Longe de sua casa, os Knicks não metem medo nos adversários. No sábado, levaram um baile do Indiana, em Indianápolis. Mesmo que tenham perdido no jogo programado para ontem, farão mais dois diante de sua torcida. Por isso, estão tranquilos.
O problema será na final, caso os Knicks enfrentem o Houston Rockets, que têm a vantagem de jogar a maioria dos jogos em casa. Mas estaria a "Fiel" nova-iorquina preparando uma invasão semelhante à do Maracanã, quando em 1976 o Corinthians disputou a semifinal do Brasileiro contra o Fluminense, no Rio, e a "Fiel" tomou conta de 70% do estádio?
Não duvide de um corintiano. Ou melhor, de um nova-iorquino.

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