São Paulo, quarta-feira, 1 de junho de 1994
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Fracassa caravana de Lula em Brasília

WILLIAM FRANÇA; CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A primeira etapa da Caravana da Cidadania do PT em Brasília foi um fracasso de público. Os organizadores ficaram frustrados com a pequena participação da população.
Poucas pessoas apareceram nas cidades-satélites de Núcleo Bandeirantes, Samambaia e Taguatinga. "Tem pouca gente, menos que a gente esperava", disse Hélio Doyle, coordenador de imprensa do PT do DF.
No primeiro programa, às 9h, os organizadores convidaram 230 pessoas ligadas a igrejas e movimentos católicos. "De religiosos mesmo só apareceram cinco", disse à Folha Rosana Chaib, coordenadora do evento.
Ela afirma que outras 250 pessoas presentes eram simpatizantes.
O encontro com católicos quase não pôde ser realizado. Marcado para o salão comunitário do Núcleo Bandeirante (distante 15 km de Brasília), o local foi usado sem consentimento do administrador, Brasil Braga.
O administrador alegou, através de assessores, que a taxa de CR$ 29.280,45 não foi paga a tempo.
O PT afirma que o cheque e uma declaração de responsabilidade de danos foi repassado a um assessor do administrador, de nome Adilson.
Os petistas alegam que foi "perseguição política", já que o administrador é ligado ao governador Joaquim Roriz (PP).
A Folha procurou o administrador por duas vezes em seu gabinete –às 9h40 e às 11h02. A informação é de que ele estava em reuniões fora.
No segundo evento, às 11h, em Samambaia (distante 30 km de Brasília), Lula planejava falar com desempregados. Segundo a PM, havia menos de 50 pessoas não-ligadas ao PT e cerca de 250 militantes.
Lula entrou em duas casas de moradores. Na primeira, da diarista Divina do Espírito Santo, 47, reclamou da poeira quando passou a mão na geladeira.
Em seguida, num caminhão de som, Lula prometeu asfaltar Samambaia –um núcleo de assentamento urbano com mais de 200 mil pessoas. "Nem no deserto do Saara eu vi tanta poeira", disse Lula, em meio a um redemoinho. "Não dá para criar meninos aqui".
Na terceira etapa, às 12h30, em Taguatinga (distante 22 km de Brasília), o candidato do PT à presidência tinha um encontro com os jovens.
Os organizadores esperavam cinco mil pessoas segundo correspondência enviada à Polícia Militar. "Aqui tem no máximo 300 pessoas, contando com os militantes", disse à Folha um oficial da PM.
Tanto que ele mandou retirar metade do efetivo policial, que era de 60 homens.
O comício de Lula em Brazlândia foi engrossado por estudantes de 1º e 2º grau do Centro Educacional nº 2, da cidade-satélite. Eles foram levados pelos professores.
A professora de História Márcia Brandão disse que "os professores fizeram um acordo para assistir ao comício e levar os alunos".
À noite, Lula faria comício em Ceilândia (distante 40 km de Brasília), com trabalhadores.

Colaborou CYNARA MENEZES, da Sucursal de Brasília.

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