São Paulo, quarta-feira, 1 de junho de 1994
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Itamar teme que plano provoque recessão

EDIANA BALLERONI; SONIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, tem se esforçado nos últimos dias para convencer o presidente Itamar Franco de que o Plano Real não trará desemprego e não provocará recessão.
Na ausência de canais com a Fazenda, os empresários têm feito chegar diretamente a Itamar suas queixas com relação à falta de medidas antidesemprego.
A indústria paulista demitiu em três semanas de maio 8.391 trabalhadores –mais do que o total de demissões em abril (5.972).
As demissões são "preventivas": mesmo esperando um aquecimento após o real, os empresários sabem que não poderão contar com os ganhos financeiros que a inflação alta provocava.
Para convencer Itamar, Ricupero argumenta que o real proporcionará aumento da massa salarial e provocará expansão na economia.
Na última segunda-feira, durante viagem a Belo Horizonte, Ricupero mais uma vez empenhou-se em afirmar que a inflação em real será insignificante.
Uma das principais preocupações do presidente é a eventual ocorrência de demissões em massa. Itamar espera deslanchar, após o real, um programa de redistribuição de renda –uma velha plataforma política sua, inviável em um cenário de desemprego elevado.
Para Ricupero, a queda da inflação elevará o poder de compra dos salários, sobretudo dos trabalhadores que hoje não têm acesso às aplicações financeiras para se defender da inflação.
O ministro tem dito a Itamar que o real possibilitará um aumento de consumo, especialmente alimentos, pela classe de baixa renda.
Até agora, Ricupero tem obtido sucesso junto ao presidente, mas ainda não conseguiu tranquilizá-lo sobre a remarcação de preços.
O ministro pediu a Itamar que não editasse medida provisória para coibir aumentos abusivos de preços –altas incompatíveis com os custos de fabricação do produto.
Ricupero espera que o Congresso aprove projeto de lei de defesa da livre concorrência, mas Itamar e o ministro da Justiça, Alexandre Dupeyrat, defendem a edição da MP para tentar evitar explosão de preços no real.

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