São Paulo, quarta-feira, 1 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasileiros precisam mais da hierarquia

NELSON BLECHER
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Executivos brasileiros e franceses têm mais necessidade de hierarquia do que os norte-americanos e argentinos.
Executivos norte-americanos gostam de enfrentar conflitos mas, ao contrário dos brasileiros, são menos emocionais e mais práticos para solucioná-los.
Os japoneses evitam conflitos e embaraços para as duas partes numa negociação.
Esse perfil comportamental e cultural emerge de um levantamento apresentado ontem pelo consultor norte-americano Serge Ogranovitch, em palestra no 2º Congresso de Marketing do Cone Sul, em Curitiba.
Especializado em assessorar parceiros de diferentes nacionalidades em negociações, Ogranovitch comentou o estudo, conduzido por pesquisadores de Princeton junto a 200 mil pessoas em 80 países.
"Para conduzir negócios com sucesso no ambiente internacional, é necessário estar apto a reconhecer e agir tão rapidamente quanto surgirem as oportunidades em qualquer parte do mundo", afirma o consultor.
Executivos norte-americanos, peruanos e franceses alcançaram as maiores pontuações no quesito "índividualismo", traduzido no estudo pelo cumprimento de obrigações e sentimento de culpa.
Quanto ao nível de ansiedade e stress, decorrente de situações desconhecidas, os brasileiros estão atrás de uruguaios, argentinos e franceses.
Já os norte-americanos mostram-se inclinados a não revelar emoções, trabalham duro, mas de forma relaxada.
Coerentemente, são os norte-americanos que mais dão importância ao trabalho e ao sucesso, enquanto franceses e brasileiros valorizam a qualidade de vida, a intuição e a solidariedade.
São os executivos brasileiros que detêm o mais elevado índice no quesito que determina em que extensão uma sociedade aceita que o poder em instituições seja distribuído desigualmente.
Os executivos norte-americanos detêm as menores taxas de "dependência", enquanto nas empresas brasileiras os superiores são "frequentemente não acessíveis". Aceita-se, além disso, que os detentores de poder tenham privilégios.
"Em sociedades onde esses valores são relativamente altos, existe como que uma aceitação do poder e do status", disse Ogranovitch.

Texto Anterior: Susep quer estimular seguro de exportações
Próximo Texto: Latasa começa a construir sua fábrica argentina no mês que vem
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.