São Paulo, quarta-feira, 1 de junho de 1994
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Normandia lembra 50 anos do Dia D

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Dezenas de milhares de pessoas, entre elas crianças de escola em excursões e veteranos da Segunda Guerra Mundial, estão se dirigindo esta semana para a Normandia (norte da França).
No dia 6 será celebrado ali o 50º aniversário do Dia D, a invasão da Europa por tropas aliadas que marcou a abertura da "segunda frente" contra a Alemanha nazista (a primeira era a frente russa).
O presidente dos EUA, Bill Clinton, deixa Washington hoje para participar das comemorações.
Nascido dois anos após o fim da guerra, Clinton deverá visitar as praias que os militares aliados batizaram como Omaha, Utah, Gold, Juno e Sword, onde fará discursos.
No sábado ele vai participar de um jantar oferecido pela rainha Elizabeth 2ª no iate real Britannia, fundeado em Portsmouth.
As estradas da Normandia estão tomadas por veículos militares do tempo da invasão, entre eles jipes Willys, caminhões de 4 toneladas e pelo menos um blindado anfíbio, a maioria com a estrela branca que era símbolo do Exército dos EUA.
O café da Ponte Pégaso, primeiro edifício "libertado" pelos aliados na invasão, ainda na véspera do Dia D, está recebendo esta semana dezenas de pára-quedistas veteranos que combateram ali.
"Eu tinha 20 anos quando saltei sobre a praia de Arromanches", lembra entre uma cerveja e outra o britânico Stephen Davies, 70. "Perdemos muitos companheiros aqui, especialmente em Tilly. De fato, nós esperávamos tomar uma bebida juntos agora, mas nos últimos meses dois morreram de câncer e outro de infarto".
O comércio local está lucrando com os visitantes, mas nem todos estão contentes. Na vizinha Ranville, o vice-prefeito François Xavier Letondot expressou preocupação quanto aos saltos de pára-quedistas norte-americanos, canadenses e britânicos que estão planejados.
"Não sabemos quando eles vão acontecer e não gostamos da idéia", disse Letondot, afirmando que os fazendeiros da região não receberam bem a informação de que seus campos de trigo serão novamente pisoteados por soldados.
Em Londres, veteranos de guerra alemães que vivem no Reino Unido estão reclamando por terem sido barrados das comemorações. "Que mal faria convidar os alemães? Seria um gesto simpático dos vitoriosos", disse o ex-pára-quedista Ewald Feldhaus, 74.
Ele atribui a "grosseria" à "histérica imprensa britânica" e ao Partido Conservador do premiê John Major, que faz campanha para as eleições ao Parlamento Europeu, dia 9, explorando o temor de uma União Européia sob hegemonia econômica da nova Alemanha.

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