São Paulo, quinta-feira, 2 de junho de 1994 |
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Rock tenta 'ressuscitar' na cidade
RICARDO FELTRIN
Nos anos 90, o rock foi obrigado a dividir os espaços com a dance, trance, tecno, axé e outros gêneros. Este mês, uma nova onda roqueira invade os palcos. Até o próximo domingo, pelo menos cem bandas de rock –de todos os estilos– devem se apresentar na cidade. Hoje à noite, por exemplo, há opções para todo tipo de roqueiros (veja quadro nesta página). Na casa Garage Rock, de hoje a sábado acontecem eliminatórias para a selecão de 12 bandas que participarão do festival Rock Brasil, 40 Anos. Até sábado, 13 bandas por noite se apresentam no Garage. O festival é promovido pelo empresário e músico Denis Maksoud, 38. Ele diz ter investido US$ 100 mil na organização do evento. Serão cerca de 70 bandas tocando durante 24 horas, a partir do dia 11, próximo sábado, no estacionamento do Sambódromo. No Aeroanta –que na década passada era a meca do rock em São Paulo– acontece hoje a "Quinta Rock Aeroanta". Vão se apresentar três bandas: Cidadão (pop rock), Código X (cujas letras enfatizam a "sensualidade juvenil") e a Lynx, que funde rap, hardcore, blues e funk. Também o Centro Cultural São Paulo começa uma fase de "revival" do rock. De hoje a sábado, às 19h30, e domingo, às 18h30, oito bandas vão apresentar novas tendências do rock nacional. 'Hibernação' "O rock hibernou com o cruzeiro e vai acordar com a chegada do real", diz o músico Kiko Zambianchi. Ele diz ter sido "um pouquinho roqueiro" nos anos 70. Para ele, a troca de moeda, a partir de 1º de julho, pode causar um novo "boom" no lançamento de bandas e a abertura de novos espaços para o estilo –semelhante ao ocorrido em 1986, no então Plano Cruzado. Já para o titã Branco Mello, 32, um dos donos do selo Banguela Records, o "reinado absoluto" do rock não tem retorno. "O rock de agora em diante vai ter que conviver com outras tendências", disse o músico na última quarta-feira, enquanto testava o som do palco do Aeroanta para a banda Richard Claydermann. Branco abredita que uma das tendências que deve emplacar na cidade é o "neopunk rock. O empresário e também músico Joni Anglister, 39, dono do Garage Rock –casa criada há sete meses–, afirma que "quem investe em rock hoje em dia é considerado, no mínimo, louco". Ele se considera "um desses loucos" e diz não se arrepender. Desde a abertura da casa, diz, cerca de 400 bandas de rock já pisaram no palco do Garage. O empresário é otimista: "O Sepultura é pioneiro. A primeira banda de uma série que vai estourar no exterior. Pode ter certeza que muitas vão sair de São Paulo", arrisca Anglister. Texto Anterior: Café Cancun inaugura filial em Campos Próximo Texto: "Gênero está agonizando", diz banda Índice |
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