São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Dirceu tenta crescer com apoio de Lula

AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT vai usar a imagem de seu candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, para tentar obter votos para a candidatura de José Dirceu ao governo paulista.
Os coordenadores da campanha estadual querem ligar as duas candidaturas. Sempre que Lula estiver em São Paulo, Dirceu vai estar grudado no líder das pesquisas para a Presidência.
Entre os dias 14 e 17 de junho, os dois candidatos vão reeditar as caravanas petistas por cerca de 15 cidades do interior paulista.
Dirceu afirma que também vai tentar usar sua imagem de deputado anti-quercista. Ele vai criticar as administrações do PMDB no Estado e a coligação do PSDB com o PFL. A seguir, trechos da entrevista de Dirceu à Folha.

Folha - São Paulo é um colégio eleitoral muito importante. Seu fraco desempenho até aqui não atrapalha a candidatura Lula?
Dirceu - De jeito nenhum. Não atrapalha nada. A questão da minha candidatura... Todo mundo tem consciência que é problema de conhecimento eleitoral. A disputa que vai haver em São Paulo é entre Mário Covas e Zé Dirceu.
Folha - Mas essa disputa não é muito à esquerda? O Covas é de centro-esquerda...
Dirceu - Mário Covas não é nada de esquerda. Mário Covas é um homem hoje que representa a direita em São Paulo. Na verdade, o seu Maluf está apoiando o Barros Munhoz, o Medeiros e o Covas. Existem acordos com esses três candidatos. O Maluf está jogando as fichas neles. E eles permitem, porque não repudiam.
Folha - O senhor também fez campanha nos carros de som do Sindicato dos Metalúrgicos. O senhor não teme que sua candidatura seja impugnada?
Dirceu - Isso é pura provocação política. O Fernando Henrique Cardoso fez um comício em Volta Redonda e outro em Osasco e a imprensa não falou absolutamente nada. O Lula não fez campanha eleitoral com o carro de som, nem eu. Isso significa pegar o carro de som, vir aqui fazer campanha. Nós fomos convidados pelo sindicato. Os outros candidatos também serão convidados. Não é ilegal isso.
Folha - O Lula afirmou que algumas leis são ilegítimas...
Dirceu - Muitas leis são ilegítimas.
Folha - Mas a bancada do PT, da qual o senhor faz parte, aprovou essa lei eleitoral.
Dirceu - Aprovou não. Votou contra. Dizer que uma lei é imoral ou ilegítima, não quer dizer que você não vai cumpri-la.
Folha - A votação dessa lei não foi uma votação simbólica, que teve aprovação do PT?
Dirceu - Todas as votações foram com declaração de voto. O PT declarou oposição a todos os pontos que ele é oposição. Você sabe que, se não houvesse a votação simbólica, o Brasil não teria lei eleitoral. Aí, o PT seria acusado de ter mantido a lei eleitoral do PC.

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