São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Funqueiros assaltam e incendeiam ônibus

Arrastão ocorreu na zona norte do Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Cerca de 20 funqueiros –integrantes de grupos que frequentam bailes "funk"– assaltaram e incendiaram um ônibus na madrugada de ontem, na avenida Brasil, no bairro de Guadalupe (zona norte do Rio).
O arrastão na linha 398 (Largo de S.Francisco-Campo Grande) da Viação Oriental começou por volta de 1h da manhã. Os funqueiros entraram no ônibus no ponto próximo a um baile na favela de Acari.
Eles roubaram relógios, tênis e dinheiro e obrigaram o motorista a parar no bairro de Guadalupe. Os passageiros desceram. Os funqueiros incendiaram o ônibus e, sentados, esperaram pelos bombeiros.
Controlado o fogo, um reboque levou o ônibus até a garagem, em Santa Cruz (zona oeste). Não foi feita perícia do veículo. Os funqueiros fugiram.
Dois jornalistas que foram à 31ª DP, em Ricardo de Albuquerque, para obter informações sobre o incêndio do ônibus, foram detidos por desacato à autoridade e depois liberados.
O delegado-adjunto da 31ª DP, Marcus Pires, deteve os repórteres Philliphe Hideki, da Rede Manchete, e Ivo Mello, da Rádio Globo.
Segundo o relato dos repórteres, Philliphe Hideki perguntou porque não havia queixa registrada. Pires teria considerado que Hideki havia cometido um desacato à autoridade.
O delegado deteve o jornalista e pediu seus documentos. O repórter da Rádio Globo Ivo Mello entrou para ajudar Hideki e também foi detido.
O impasse teria durado três horas. Só a interferência do secretário de Polícia Civil, Mário Covas, fez com que o delegado liberasse os jornalistas.
Os dois repórteres vão entrar com uma queixa-crime contra o delegado Marcus Pires.
A Folha tentou falar com o delegado Marcus Pires ontem. Ele não estava na delegacia e não foi fornecido o telefone de sua casa. Mário Covas não foi encontrado em casa até as 21h.

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