São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Brasileiros não condenam uso de silicone

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mulheres que implantaram próteses de silicone devem trocá-las a cada dez anos para evitar possível rompimento da película. A recomendação é da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Estética e Reconstrutiva.
O uso do silicone em próteses é um dos temas do 1º Simpósio Internacional de Cirurgia Estética que começou ontem em São Paulo.
Paulo Zantut, 43, diretor da sociedade e um dos organizadores do simpósio, diz que a implantação das próteses de silicone não foi interrompida no Brasil.
Há dois anos, o FDA –organismo do governo americano que controla remédios e medicamentos– proibiu o uso destas próteses alegando riscos para a saúde.
Em abril de 93, fabricantes de implantes mamários nos EUA concordaram na Justiça em formar um fundo de US$ 4,5 bilhões para indenizar mulheres que tiveram ou vierem a ter problemas com a prótese.
"Não há comprovação científica de que a prótese de silicone seja danosa ao organismo nem que prejudique o estudo radiológico da mama", diz Zantut.
Às mulheres que detectam algum problema, a Sociedade de Cirurgia Plástica recomenda que procurem seu médico.
Além da troca aconselhável da prótese a cada dez anos, os cirurgiões sugerem que a partir dos 40 anos todas as mulheres –com ou sem implantes– passem por exames anuais clínico e radiológico da mama. A sociedade presta informações pelo telefone (011) 288.3160.
Nos EUA, 12 milhões de mulheres utilizam próteses mamárias. No Brasil, estima-se em 300 mil. Destas, cerca de 30 mil utilizaram próteses comercializadas pela Dow Corning, segundo dados fornecidos pela empresa.
A Dow Corning é uma das empresas que estão indenizando usuárias de suas próteses em todo o mundo.
A grande maioria dos implantes mamários de silicone utilizados no Brasil são fabricados pela Silimed, com sede no Rio de Janeiro. Segundo seu presidente Antoine Robert, 47, até hoje não houve queixas na Justiça.
Mulheres que se sentem prejudicadas pelas próteses norte-americanas –ou temem complicações futuras– podem solicitar informações à Corte de Birmingham, no Alabama (MDL 926 - P.O.Box 11683. Birmingham, AL 35202-1683). A Dow Corning, em São Paulo (tel. 844.5199) pode fornecer orientações.
O Simpósio de Cirurgia Estética também discutiu ontem a videoendoscopia, cirurgia feita com ajuda da TV. Segundo Paulo Zantut, a técnica vem sendo aplicada há um ano e seus resultados ainda estão sendo avaliados.
Dados estimativos estão apontando um aumento no número de homens que se submetem à cirurgia plástica estética. "Há dez anos, 95% das cirurgias eram realizadas em mulheres. Hoje, os homens somam 30%", diz Zantut. (Aureliano Biancarelli)

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