São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acordo une Americanas e Wal-Mart

DA REPORTAGEM LOCAL

Fechado e sacramentado, o anúncio oficial da entrada da rede Wal-Mart no Brasil será feito até o próximo domingo, por um comunicado ao mercado.
A gigante Wal-Mart, maior rede do comércio varejista do mundo, com faturamento anual de US$ 67 bilhões –quase o triplo do que faturaram todos os supermercados brasileiros em 1993–, chega ao país através de associação com as Lojas Americanas.
O comunicado ao mercado será necessário porque as Lojas Americanas tem capital aberto, com ações nas bolsas.
Entre os seus principais acionistas, estão Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lehmann e Marcel Telles –que são sócios também na Brahma e no Banco Garantia.
A entrada da Wal-Mart no país mexe com a concorrência.
O Carrefour decidiu inaugurar lojas compactas e o Makro encomendou estudos visando a instalação de clubes de compra na América Latina.
A Wal-Mart introduz no país um conceito de comércio até aqui desconhecido do consumidor brasileiro, o chamado clube de compra.
É uma espécie de atacado, só que com sortimento e tamanho de loja ainda maior, e onde também as pessoas físicas, mediante o pagamento de uma taxa anual, têm acesso às compras.
O clube de compra da Wal-Mart se chama Sam's Club. É uma referência a Sam Walton, fundador da rede.
O Sam's Club deverá ser construído na Grande São Paulo, terá área de venda próxima dos 15 mil metros quadrados e será inaugurado no início de 95.
Ele reúne, em um único espaço, características comuns aos atacados, hipermercados e lojas de departamento.
Concorre, assim, com lojas do tipo do Makro, Carrefour, Extra (Pão de Açúcar), Bon Marché (Sendas), Mappin e Mesbla- além das próprias Lojas Americanas.
Carrefour
Dada a agressividade de preços do Sam's Club, existe a expectativa de concorrência acirrada entre a Wal-Mart e o Carrefour no Brasil.
Os próprios quadros do Carrefour já sofreram baixas por conta da Wal-Mart.
Armindo Malafaia, diretor-regional do Carrefour/Rio, deixou a rede francesa em meados do ano passado para integrar, nas Lojas Americanas, a equipe que trabalhou na vinda da Wal-Mart para o país.
Em outros países do mundo já existem precedentes da rivalidade.
Em 1993 o Carrefour encerrou suas atividades nos EUA sob a alegação de que o mercado local não comportava as suas operações.
É justamente nos Estados Unidos a agressiva estratégia de vendas da Wal-Mart faz sucesso. A rede, cujas vendas cresceram 23% no ano passado, deverão se elevar para US$ 85 bilhões –um novo salto de 25%.
No Brasil, o Carrefour iniciou, em 94, a construção de hipermercados compactos, de no máximo sete mil metros de área de venda, a exemplo do que foi recentemente inaugurado em São José do Rio Preto (SP).
Com isso, corta custos e ganha mais agressividade nos preços.
Nos Estados Unidos, a Wal-Mart possui outros dois formatos de loja: a Vendor-Store, onde os próprios fornecedores encarregam-se da venda de seus produtos, a Wal-Mart tradicional, uma loja de departamento de descontos e os novos supercenters.
O supercenter é o setor que mais rapidamente cresce hoje no varejo americano. Ele combina as características de uma loja de descontos, com ampla variedade de produtos com as de um supermercado.
Americanas
As Lojas Americanas se tornaram, nas mãos dos sócios do Banco Garantia, líder do mercado brasileiro de lojas de departamento. Eles adquiriram o controle acionário da rede em 1983.
Os planos para a expansão das Lojas Americanas não serão modificados com a entrada da Wal-Mart no Brasil.
Seus controladores consideram que ela não fará concorrência direta para a rede de Sam Walton.
As Americanas tem, no máximo, área útil de vendas de dois mil metros quadrados; trabalham com menor variedade de itens e contam com suporte no atendimento ao cliente.
O plano de expansão da rede, que faturou US$ 1,6 bilhão em 94, deverá continuar independente do ritimo da abertura de lojas da Wal-Mart no Brasil.

Texto Anterior: Goodcheck registra queda nos pré-datados; VW fará carros com materiais recicláveis; Eletropaulo fará audiência pública
Próximo Texto: Empresa ataca os quatro cantos do planeta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.