São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Brasileira vende biquíni em "cidade proibida"

FERNANDO RODRIGUES; MÁRIO MAGALHÃES
DOS ENVIADOS ESPECIAIS

O prefeito de Los Gatos, Randy Attaway, proibiu mulatas brasileiras de usarem biquíni na festa marcada para o final deste mês na cidade. Mas uma brasileira está subvertendo essa ordem.
Instalada comercialmente há um mês e meio na cidade onde se hospedam os jogadores da seleção brasileira, Ana Paula Dutra Olsen, 27, vende biquínis. O nome da sua loja é "The Rio Thing".
Em português, o nome da loja de Ana Paula seria "A Coisa do Rio". No caso, "coisa" são biquínis. Mais precisamente 1.000 biquínis importados do Brasil –uma carga de 90 kg.
A loja foi inaugurada em 15 de abril. Foram vendidas 150 peças até agora. Ana Paula e seu marido, o norte-americano Richard Olsen, 34, dizem ter investido aproximadamente US$ 100 mil no negócio.
Os biquínis importados do Brasil são das marcas Blue Man, Star Light, OK Brasil e Z-Bra. O mais barato custa US$ 40 e o mais caro sai por US$ 75.
"É duro vender biquínis aqui. As pessoas são muito preconceituosas. Pensam que só tenho fio-dental", reclama Ana Paula.
Los Gatos não tem praias. Não se usa biquínis nem qualquer roupa de banho nas ruas da cidade. Quem compra os biquínis de Ana Paula são os moradores da região de San Francisco.
Ana Paula acha os biquínis dos EUA "muito feios. Muito mal cortados. Quando vestidos, ficam frouxos e parecem ter areia dentro da calcinha".
Mas "é uma luta" vender biquínis brasileiros para as norte-americanas. "Elas olham, acham muito pequeno e muitas vezes vão embora sem experimentar", diz.
"Até os modelos maiores assutam. Mostro aquela calcinha com um bundão e elas mesmo assim não querem."
Ana Paula e Richard logo perceberam que vender só biquínis não seria um grande negócio.
Então, partiram para a diversificação. A "The Rio Thing"vende cangas, chapéus, vestidos e assessórios de praia. Tudo do Brasil.
Tem guarda-sol combinando com biquíni, chapéu decorado à mão e presilhas de cabelo. Até agora, Ana Paula viu entrar no seu caixa "uns US$ 6.000".
Não é muito. O investimento inicial vai demorar para ser reposto. Mas ela e o marido já vislubraram outra forma de atrair clientes.
Agora, além dos biquínis e artigos de praia, a "The Rio Thing" vende também diversas camisetas comemorativas da Copa do Mundo de futebol. (FR e MM)

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