São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Aumenta o duelo entre 2 e 3 atacantes

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, as notícias até agora disponíveis indicam que teremos, entre as seleções favoritas para a Copa, duas maneiras de jogar.
Arrigo Sacchi, da Itália, Alfio Basile, da Argentina, Dick Advocaat, da Holanda, e Francisco Maturana, da Colômbia, estão inclinados a ir com três atacantes. As experiências no ataque foram boas.
Berti Vogts, da Alemanha, e Carlos Alberto Parreira, do Brasil, preferem a variante com dois atacantes. Seriam, em tese, times mais favoritos e se preocupam também mais com a defesa.
É lógico, quem pensa em três atacantes não está querendo fragilizar a defesa. Contudo, terá que exigir mais movimentação do time. Esta terceira peça defende e dá mais torque ao ataque. Corre mais.
Alguns desses técnicos, como Sacchi e Basile, optaram por mais atacantes na reta final. Pelo que se vê, a comunidade internacional ainda não está plenamente convencida dos dois atacantes.
Isto não bate com o que Parreira e Zagalo pregam aos quatro ventos e aos sete mares. Segundo eles, só quem não acompanha o futebol internacional acredita em mais de dois atacantes.
Enfim, esta será uma grande Copa.
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O Luís "fios maravilhas" de Freitas já embarcou na moda do Mundial. A Erika Palomino mostrou que "The Face" também supõe que o fut é fashion. A Adidas virou roupa de noite.
Giorgio Armani desenha o traje da Itália. Eric Cantona virou modelo de desfile. E a revista especializada em futebol britânica "90 Minutos" foi outra que aderiu à onda da futilidade no fut.
Ela dedicou duas páginas aos trajes dos goleiros –aqueles que já foram os musos darks e existencialistas com certeza, porque só se vestiam de preto. Antes, todo goleiro parecia ter saído da Rive Gauche.
Isto ocorreu no Brasil até a chegada do Raul, do Cruzeiro (hoje comentarista da Globo), e a sua camisa mais amarela do que aquela da linda canção do Ary Barroso. Ele era o nosso futurista russo.
Os goleiros, desde então, se tornaram os dandies espalhafatosos do futebol fashion. Para "90 Minutos" houve "uma revolução debaixo das traves". Os aberrantes uniformes cegam, à primeira vista.
Os goleiros tornaram-se os agentes mais ativos da estética "trompe lóeil". Neste setor, ninguém é mais "pin up" do que o guarda-meta (a perfeição é uma meta) da seleção mexicana Jorge Campos.
Campos joga com mangas largas e curtas e prefere os tons fluorescentes do verde e do rosa. A estampa é baseada nas formas e nas cores reflexas do diamante. "Meu trabalho é uma festa da cor", diz.
Desde já, Jorge Campos é candidato ao prêmio Joãosinho Trinta desta Copa do Mundo. Para ele, as mangas curtas são um "must" em termos de atitude. E as cores confundem os batedores de pênaltis.
Já o goleiro de Camarões Joseph Antoine Bell, que joga pelo St. Etienne, da França, opta pelo estilo étnico. Sua camisa amarela é baseada em uma "intrincada onda de batik".
Na elegância, os italianos continuam imbatíveis. O terceiro goleiro Gianluca Pagliuca, da Sampdoria, tem os desenhos abstratos da sua camisa cotados para serem distribuídos por Gianni Versace.
Entre os brasileiros, Zetti, com as suas calças compridas, criou uma linguagem própria. Mas o campeão do "estilo com substância" é, sem dúvida alguma, o clássico Andoni Zubizarreta, da Espanha.
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Ninguém vai botar o pezinho em dividida, mas Itália e Suíça fazem hoje o jogo mais interessante destes amistosos preparativos para a Copa.
Os suíços podem ser uma das agradáveis surpresas. Já se os italianos se derem bem, não me surpreenderão em nada.

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