São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Arnaldo Antunes mostra seu primeiro solo

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Show: Arnaldo Antunes
Quando: Sexta e sábado, às 22h; domingo 20h
Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213, tel. 531-4900, Moema, zona sul)
Preço: CR$ 15 mil (setor 3) a CR$ 30 mil (camarotes)

Depois do disco/livro/vídeo, Arnaldo Antunes mostra, hoje à noite no Palace, o novo capítulo na saga de "Nome": o show.
O cantor se apresenta em São Paulo pela primeira vez desde que saiu dos Titãs. "Já estava com uma grande sede de voltar ao palco", ele diz.
Além de 12 músicas do LP "Nome", Arnaldo canta nove canções inéditas e versões de "Judiaria" (de Lupcínio) e "Lugar-Comum" (de Gil e Donato).
Os ensaios com a banda reunida para o show acabaram gerando repertório para um novo disco.
"Pretendo gravar o próximo disco com essa banda", revela Arnaldo. Na guitarra, Edgard Scandurra; no baixo, violão e guitarra, Paulo Tatit; nos teclados, Zaba Moreau; na percussão, Peter Price; na bateria, Pedro Ito.
"Nome" é um disco de laboratório, sem banda fixa e calcado na tecnologia de estúdio. "Foi um trabalho transpô-lo para o palco", diz Arnaldo.
Segundo o cantor, as músicas ficaram mais pesadas no arranjo da banda. "Até dançantes", ele revela. "Meu disco não é para se colocar na vitrola e dançar. Mas minha experiência de palco vem de uma atitude mais rock'n'roll."
O cenário, com grandes camisas brancas, foi projetado pelo artista plástico Nuno Ramos e por Gualter Puppo, que assina também o cenário de Marina.
Apesar de tocar duas músicas compostas quando ainda era um Titã, Arnaldo não vai tocar sucessos de sua antiga banda.
"Quem quiser ouvir música dos Titãs", diz Arnaldo, "que vá aos shows da banda. Esse negócio de saudosismo não é comigo."
Arnaldo tomou um caminho oposto ao dos Titãs. Enquanto a banda optou pelo rock cru e agressivo, Arnaldo preferiu o experimentalismo de Walter Franco, de Tom Zé, do Caetano de "Araçá Azul" e da parceria com a poesia concreta de Augusto de Campos.
"As influências não estão disfarçadas, mas escancaradas", diz Arnaldo. "Ao mesmo tempo, tem o meu desejo de ampliar os limites da música pop."
Poucos sabem, mas o trabalho solo de Arnaldo é anterior a "Nome". O esboço vem da coletânea independente "Rock de Autor" (1991, mil cópias, selo Manifesto). A música "E só" acabou ressurgindo em "Nome".
"Meu motivo para sair dos Titãs", ele explica, "foi justamente o fato de que esse tipo de trabalho não caberia na banda."
"Esse tipo de trabalho" parece exercícios linguísticos. "Mas não se trata de um tese simplificada de linguagem", ele diz. "Minhas músicas devem ser vistas como canções populares."

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