São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994 |
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Sul-africano segue fiel à tradição de Marley
MARCEL PLASSE
A distância da Jamaica, hoje imersa em ragga e dancehall, versões modernas, dançantes e diluídas do reggae, fez bem à música de Lucky Dube, mantendo-a fiel à tradição de Bob Marley. "O reggae na Jamaica não é mais o que era na época de Bob Marley e Peter Tosh", ele diz, por telefone, de Johannesburgo, África do Sul. "Acho a maioria do dancehall e ragga vazio, sem mensagem", ele lamenta. "Só fala em sexo, mulheres, drogas e violência." Se há uma mensagem nos novos ritmos jamaicanos, é a homofobia. Sabba Ranks e Mad Cobra atacam publicamente o homossexualismo. Dube condena: "Quando falamos em liberdade, não estamos só falando em liberdade política, mas também em liberdade de escolha." Foi a mensagem política de Bob Marley e Peter Tosh, mais do que a música, que atraiu Dube para o reggae. A carreira do cantor começou em 1982, com gravações de música zulu –o estilo é chamado de "mbaqanga". Em 1985, Dube gravou o primeiro disco de reggae sul-africano, "Rastas Never Dies", censurado pelo governo. A banda de Dube se chama "Slaves" (escravos), mesmo nome do disco lançado em 1987. O cantor costuma batizar suas músicas com palavras que refletem opressão, como "prisioneiros" e "vítimas" (título do novo álbum). Mas Dube também lançou um álbum chamado "Together as One" (juntos como um só), conclamando a união das raças. No novo disco, "Victims" –primeiro lançado no Brasil, Sony Music– ele reconfirma essa mensagem. A música "Different Colors, One People" (cores diferentes, um único povo), manifesto anti-apartheid, é sucesso na nova África do Sul, presidida pelo líder negro Nelson Mandela. "Todos pensaram que iriam irromper muitos problemas após a eleição de um presidente negro", diz Dube, "mas, felizmente, tudo está calmo e normal. Agora, esperamos que o governo faça tudo o que prometeu." (Marcel Plasse) Texto Anterior: O 'Anjo Negro' recupera a cor original Próximo Texto: Arnaldo Antunes mostra seu primeiro solo Índice |
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