São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Candidatura FHC é refém do Plano Real

MARCELO MENDONÇA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Candidatura FHC é refém do Plano Real
O candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, tornou-se refém do plano econômico que iniciou quando era ministro da Fazenda. O cruzamento de dados da última pesquisa do Datafolha, feita em 23 e 24 de maio, mostra que 45% dos seus eleitores têm no Plano Real a principal motivação para votar no candidato tucano.
É a primeira pesquisa nacional do Datafolha sobre a motivação de voto e rejeição este ano.
Além de ligar o criador à criatura, os eleitores de Fernando Henrique esperam também com seus votos que ele dê continuidade ao plano, se suceder Itamar Franco.
Em segundo lugar na pesquisa e intenção de voto, com 17%, Fernando Henrique ganha o voto de seus eleitores também por lhe atribuírem "competência" (11%) e "honestidade" (11%).
Esse desequilíbrio de motivação de voto, apoiada pesadamente em apenas um fator, é considerado arriscado por especialistas em marketing político. Um eventual fracasso do plano econômico já é um problema para o candidato. A reclamação de que o Plano Real "não está dando certo" lidera os motivos de rejeição do tucano (27%). A impressão de que ele "fez o plano para se candidatar" representa 8% da rejeição.
O líder na pesquisa Datafolha, Luiz Inácio da Silva (PT), com 40%, tem motivações mais equilibradas entre seus eleitores. Aprincipal razão do voto ém Lula é ter sido "pessoa pobre", operário (17%), seguida por "representar os trabalhadores" (16%) e "para exprimentar o novo" (12%).
A "falta de competência para governar" é a principal causa de rejeição a Lula, com 15%. O radicalismo de esquerda, que sua campanha tem procurado atenuar, ainda marca sua imagem junto ao eleitorado: entre os que o rejeitam, 13% o consideram "um agitador", incentivador de greves; 8% dizem que ele "é comunista".
Quércia (PMDB), com 8% da intenção de voto, Brizola (PDT), om 7%, e Esperidião Amin (PPR), com 3%, têm como princiapl razão de voto terem sido "bons governadores" em seus Estados.
No caso de Quércia, os 36% atribuídos a essa razão encontram um contraponto no maior motivo de rejeição do candidato, 36% por "ser corrupto", uma imagem decorrente das muitas acusações durante e após o seu governo em São Paulo.
Já a passagem de Leonel Brizola pelo governo do Rio proporcionou ao pedetista 29% de motivação do voto e também 20% de razão de rejeição.
O recente escândalo das listas do jogo de bicho não respinga muito na candidatura de Brizola. Para apenas 3% dos que rejeitam o ex-governador do Rio "está envolvido com o tráfego de drogas". E para 2% ele "está envolvido com o crime organizado" e "com o jogo do bricho".
O principal problema de Esperidião Amin e do deputado federal Flavio Rocha (PL-RN) é o desconhecimento pelos eleitores.
No caso do candidato do PL, esse índice chega a 75% dos eleitores que o rejeitam. Não por acaso, a principal razão de voto em Rocha é a busca do "novo" (26%).
Amin, "considerado um bom governador" como a pricipal motivação (39%) dos seus eleitores, também é o líder entre os seis candidatos quando a razão de voto é "ser honesto" (22%).
Com alta taxa de desconhecimento pelos eleitorado, Rocha e Amin podem crescer à medida que suas campanhas percorram o país, e caia a rejeição.

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