São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Candidatos correm atrás da bola na Copa

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Em ano de Copa do Mundo e eleição presidencial, político em campanha faz mais sucesso batendo bola do que beijando criancinhas.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Esperidião Amin (PPR) inauguraram esta semana o bate-bola eleitoral. Os dois foram fotografados, em diferentes situações, segurando, cabeceando e chutando bolas.
Ambos juram que não agem assim por demagogia. "Adoro futebol", diz Lula. "Jogo futebol até hoje", diz Amin.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Flávio Rocha (PL) ainda não demonstraram a mesma intimidade com a bola, mas estão se preparando. "Sou ruim de futebol, mas sempre gostei", diz FHC.
"Gosto de futebol, mas nunca tive muito talento para a coisa. Ainda estou por fora da Copa", diz Rocha.
Orestes Quércia (PMDB) e Leonel Brizola (PDT) foram procurados pela Folha para falar de suas preferências futebolísticas, mas não atenderam a reportagem.
Em São Paulo, os quatro candidatos ouvidos torcem pelo Corinthians –não por coincidência o time de maior torcida do Estado. No Rio, Lula torce pelo Vasco.
Amin, no Rio, é torcedor do Flamengo e, em Santa Catarina, do Avaí. Rocha, cuja base eleitoral é no Rio Grande do Norte, também torce pelo América de Natal.
Nenhum dos quatro candidatos à Presidência ousa escalar uma seleção brasileira para esta Copa. "Isso é função do técnico", diz Lula. "Eu não entendo", diz FHC.
Lula e Amin adoram falar de futebol. Lula, que se considerava um bom meia armador, se orgulha de ter jogado bola com Mauro Silva, hoje meio-campo titular da seleção de Carlos Alberto Parreira.
"Na época, em 1982, cheguei a falar com o Adilson Monteiro Alves (então diretor do Corinthians) para ver se ele dava uma chance ao Mauro Silva. Mas nada aconteceu", revela Lula.
Amin gosta de contar que, quando criança, em pelo menos uma ocasião, ao ser barrado pelo capitão do time, levou a bola para casa, encerrando a partida. "Eu era o dono da bola. Peguei ela e me mandei", diz.
Entre todos os candidatos, Amin é o único que ainda joga futebol com alguma regularidade. "Sou ponta-esquerda avançado fixo", diz brincando com o fato de se movimentar pouco em campo.
Política e futebol já se misturaram antes na vida dos candidatos. Em 1989, às vésperas da eleição do segundo turno, Lula foi ao estádio do Morumbi assistir a final do campeonato brasileiro entre São Paulo e Vasco.
"Foi um dos piores momentos da campanha", diz. O Vasco venceu por 1 a 0 e Lula foi vaiado com grande intensidade.
Já Flávio Rocha tem uma boa lembrança. "Fui presidente do América de Natal em 1985. Isso me deu muita visibilidade política e no ano seguinte fui eleito deputado federal", conta.

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