São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Escultor expõe obras feitas com dejetos jogados em rio

Peças ficam dentro de ribeirão assoreado com minério

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O escultor mineiro Léo Santana, 37, organizou uma exposição de suas obras dentro do ribeirão dos Macacos, em Nova Lima (MG).
O objetivo é protestar contra o assoreamento (obstrução) do rio provocado por mineradoras. O assoreamento é resultado do acúmulo no rio de resíduos de minério.
O projeto foi lançado na última sexta-feira, na semana do Dia Mundial do Meio Ambiente.
O ribeirão dos Macacos está localizado no distrito de São Sebastião das Águas Claras, distante 20 km de Belo Horizonte.
Santana utiliza no projeto "Alquiminera" o próprio minério que obstrui o rio. "É um material abundante, que está lá como lixo, poluindo e acabando com o rio. Decidi pegar as obras e pôr no ambiente, no próprio assoreamento".
Ele trabalha ainda com concreto celular (blocos de cimento, areia e cal). As esculturas retratam partes do corpo humano, estilo que ele chama de "figurativo humano".
Léo Santana mora no local desde 1986 e diz que há poucos anos dava para pescar e nadar no rio.
"Agora, as águas cobrem apenas o pé", diz. Para Santana, as mineradoras que atuam na região precisam criar uma represa para decantar (separar) o minério e devolver somente água limpa ao rio.
Ele pretende que as mineradoras façama contenção do minério na própria área das empresas.
As esculturas de Santana têm de 60 centímetros a 1,30 metro. Em uma área de 300 metros de extensão, ele expôs nas margens e dentro do rio um total de 60 obras.
Em uma de suas obras, mostra a poluição causada pelos frequentadores do local. O lixo jogado no ribeirão (pneus, latas e papéis) é "recolhido" por uma mão.
Entre 1991 e 1992 Santana participou de uma exposição de esculturas em Berlim, na Alemanha.

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