São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Entenda diferenças entre vizinhos latinos

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Os latinos são todos iguais, mas diferentes. Os traços de cultura empresarial disseminada no continente têm padrões opostos aos dos Estados Unidos. A diferença está na ênfase com que as organizações e a sociedade de cada país adotam esses valores homogêneos.
Ao contrário de seus colegas norte-americanos, executivos latinos tendem a valorizar a hierarquia rígida, o trabalho em grupo e a qualidade de vida sobre o sucesso.
Também são mais ansiosos que os norte-americanos ao enfrentarem situações desconhecidas, vêem o conflito como ameaça e gostam de se orientar por regras.
No entanto, esses fatores são mais verdadeiros para alguns do que para outros. Executivos argentinos, sob certos aspectos, estão mais próximos da cultura anglo-saxônica.
Eles tendem a ser mais individualistas e menos tolerantes quanto à desigualdade nas organizações do que seus colegas brasileiros, peruanos e uruguaios.
Para estes, privilégios concedidos a detentores do poder são tolerados, assim como a dificuldade de acesso a superiores é vista como algo natural.
Mas os brasileiros fazem companhia aos argentinos e se distanciam dos demais quando está em jogo a dedicação e ambição profissional, além da valorização do poder de decisão.
Uma pesquisa (veja quadro abaixo) revela a pontuação obtida por executivos de várias nacionalidades com base em respostas de 200 mil pessoas em 80 países.
As questões refletem um espectro de cinco dimensões culturais que revelam características de ambiente empresarial valiosas para candidatos a vaga no exterior.
Risco
Os executivod uruguaios estão mais expostos à ansiesade e ao estresse quando se defrontam com situações desconhecidas do que qualquer outro colega do continente.
O temor à incerteza não significa, necessariamente, aversão ao risco. Pelo contrário.
Frequentemente, esses executivos se engajam em comportamento arriscado, justamente para tentar reduzir os fatores de ambiguidade que levam ao estresse.
Já seus colegas chilenos encaram o trabalho como forma de sobrevivência, valorizam qualidade de vida à ambição e pensam que "bonito é ser pequeno".
Também os chilenos, ao lado dos peruanos, são menos individualistas que brasileiros, argentinos e uruguaios.
Nas sociedades com tendência "coletivista", diz o estudo, a aparência é mais importante do que o auto-respeito.
Isso se reflete nas relações com os empregos, no desempenho e compensação, no estilo gerencial e no cumprimento das tarefas.
Novos mercados
Conhecer como se comporta a vizinhança tornou-se algo indispensável para quem deseja alargar suas chances no mercado de trabalho latino-americano.
Associações entre empresas proliferam no Continente. Foram firmadas 300 parcerias no âmbito do Mercosul, o bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Há mais de uma centena de empresas brasileiras na Argentina. Currículos de 800 executivos estão em circulação no Cone Sul. Foram colhidos no 2.o Congresso de Marketing do Cone Sul, realizado na semana passada em Curitiba.

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