São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Mosley aposta prestígio contra equipes

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Daqui a uma semana acontece o GP do Canadá de Fórmula 1. E as equipes terão exatos sete dias para fazer uma opção.
Adaptar seus carros as mudanças impostas pela FIA, reiteradas anteontem, ou enfrentar Max Mosley, presidente da entidade.
No último GP, em Barcelona, os dois lados sentaram para discutir e ficou acertado que nada mudaria no desenho dos carros.
Apenas a obstrução do "air box" (tomada de ar do motor) e o limite de 80 km/h nos boxes deveriam ser adotados em Montreal.
O encontro gerou até um mal-estar entre Mosley e Bernie Ecclestone, presidente da Foca (Associação dos Construtores), devido a declarações de Flavio Briatore, o homem forte da Benetton.
Briatore teria dito que os construtores "conseguiram grandes concessões". Ecclestone e o próprio Briatore se retrataram depois.
O caso mostrou que as relações de Ecclestone, tido como "dono da F-1", e Mosley, antes bons amigos, pareciam abaladas.
A atitude de Mosley ao reeditar todas as medidas previstas para o Canadá confirmou o fato.
"A Fórmula 1 pertence e é dirigida pela FIA. Quem não quiser seguir as regras pode sair", declarou na sexta-feira.
Além disso, restringiu a opinião dos pilotos nas decisões da FIA.
Um único representante da Associação de Pilotos, provavelmente o austríaco Gerhard Berger, será permitido por reunião, mesmo assim, na Comissão de Segurança.
O aumento da abertura do cockpit, previsto pela FIA para o GP do Canadá, deverá causar a maior polêmica. As equipes defendiam que esta mudança só ocorresse em 1995, ou até mais tarde.
Para muitas delas, até, deverá ser quase impossível fazê-la. Uma saída pode ser a greve –que não funcionou em Barcelona.
Mas existe uma terceira opção: um acordo de bastidores parecido com o que extinguiu a eletrônica no final de 93.
Mosley, no meio do ano, a proibiu por decreto. Era impossível abrir mão de recursos como a suspensão ativa e o controle de tração naquele momento. As equipes tiveram que fazer um acordo.
E aceitaram a extinção para 94. Só resta saber se, num ano negativo para a F-1, Mosley conseguirá repetir a manobra e manter o controle sobre a categoria.

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