São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Equipe desenvolve método 'limpo' para queimar lixo

VANESSA DE SÁ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Cientistas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, desenvolveram pela primeira vez no país uma tecnologia que é capaz de reduzir a emissão de poluentes durante a queima de lixo hospitalar.
O método se baseia no plasma térmico, considerado por muitos "o quarto estado da matéria".
O plasma é uma espécie de "sopa" gasosa, formada de moléculas inteiras e partículas menores arrancadas das moléculas, como os elétrons, por exemplo.
Dentro do aparelho desenvolvido, dois pólos elétricos opostos são submetidos a uma voltagem muito alta que gera uma área carregada de energia.
Um gás, como o hidrogênio ou o argônio, é injetado no interior do dispositivo.
As partículas de matéria "energizadas", ao interagirem com o gás, provocam a quebra de parte das moléculas do gás.
O resultado é a formação do plasma e uma chama que pode atingir 7.000 graus Celsius.
No caso do incinerador do IPT, a temperatura fica em 2.000 graus. Um incinerador convencional trabalha entre 800 e 1.000 graus.
A chama resultante do plasma pode ser usada para a queima do lixo hospitalar. Seus componentes, que incluem metais pesados, viram uma pasta inerte, já que todas as moléculas são destruídas.
"Tudo é derretido, inclusive as cinzas que ainda contêm sustâncias capazes de produzir dioxinas".
Szente quer testar o acoplamento do incinerador a um gerador que produziria eletricidade, compensando os custos do aparelho.
"Como a queima dos gases libera grande quantidade de calor, poderíamos usá-la para produzir energia", afirma.
Outra aplicação para o plasma seria a reciclagem do alumínio das latinhas de refrigerante.
Para o pesquisador Luiz Vicente, esse é um passo importante, já que a produção de alumínio gasta 20 vezes mais energia do que sua reciclagem com o plasma.

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