São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Baiano foi o 1º 'freudiano'

DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira pessoa a falar em psicanálise no Brasil foi o baiano Juliano Moreira. "Era um negro que lia alemão correntemente e, em 1899, leu os primeiros textos de Freud na Faculdade de Medicina da Bahia", conta a psicanalista Maria Alzira Perestrello, considerada uma das maiores historiadoras da psicanálise no Brasil.
Segundo ela, o baiano Juliano também teve acesso a todos os trabalhos do pai da psicanálise entre 1896 e 1897.
Perestrello –que é autora de "Primeiros Encontros com a Psicanálise: os Precursores no Brasil" e "História da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro" (Imago)– divide em "precursores e pioneiros" os primeiros interessados pelo assunto no Brasil.
Perestrello considera Franco da Rocha, mestre de Durval Marcondes, um "precursor", a partir do curso sobre Freud que ministrou em março de 1919, na Faculdade de Medicina de São Paulo.
Para Durval Marcondes, no entanto, ela agrega os dois adjetivos. "Ele foi precursor e pioneiro do movimento, porque os outros psicanalistas, anteriores a ele, não haviam se analisado".
Durval foi o primeiro analisando de Adelheid Koch no Brasil. Quando Koch chega ao país, em outubro de 1936, acontece, na visão de Perestrello, "um marco definitivo para a história dos precursores da psicanálise no Brasil". A psicanalista alemã será responsável pela formação dos primeiros analistas brasileiros reconhecidos internacionalmente.
A vinda de Koch ao Brasil significou ao mesmo tempo sua fuga do nazismo. Conta-se que ela teria trazido ao país uma reserva financeira, pois temia que não pudesse sobreviver com a psicanálise no país. Caso não conseguisse, estava em seus planos abrir em São Paulo uma fábrica de chapéus. (CJT)

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