São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Hong Kong recua na disputa com Pequim

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Hong Kong recua na briga com Pequim
Colônia britânica deve recusar criação de comissão de direitos humanos e garantia de liberdade da imprensa
A administração britânica de Hong Kong sugeriu esta semana que vai se opor à criação de uma comissão para monitorar o respeito aos direitos humanos e também impedir a aprovação de uma lei de defesa da liberdade de imprensa no território.
As medidas, anunciadas na semana do quinto aniversário do massacre dos protestos pró-democracia em Pequim, foram vistas como concessões do governador Chris Patten à China, que retoma a posse do território em 1997.
Desde sua posse em 1992, Patten vem brigando com o governo comunista da China principalmente por causa de mudanças no sistema eleitoral de Hong Kong, que tornou a colônia mais democrática.
A China afirma que vai anular qualquer lei que ameace o controle de Pequim sobre os habitantes de Hong Kong depois de 1997.
As aparentes concessões de Patten foram vistas pela imprensa de Hong Kong como uma forma de atrair capital chinês, essencial para que a colônia mantenha seu status de importante entreposto comercial e financeiro da Ásia, atrás apenas do Japão.
Projetos multibilionários como a construção do novo aeroporto estão em marcha lenta por causa de falta de verbas e apoio de Pequim, que acusa Patten de estar exaurindo os recursos de Hong Kong antes de devolvê-la à China.
A criação da comissão de defesa dos direitos humanos é defendida pela Comissão de Relações Exteriores do Parlamento britânico e pela Anistia Internacional.
O temor causado pelo recuo na lei de defesa da liberdade de imprensa foi ressaltado esta semana por causa de um artigo da revista "Open", ligada ao Partido Comunista chinês.
A revista afirmou na quarta-feira que Pequim prepara uma nova regulamentação para a imprensa pós-97, que enfatizaria "a promoção de interesses chineses e a estabilidade de Hong Kong".
Outra medida de Patten que gerou críticas dos líderes pró-democracia foi a não concessão de vistos de entrada a dissidentes chineses que queriam ir a Hong Kong esta semana para organizar protestos contra o massacre de Pequim.
Este ano, apenas alguns milhares saíram às ruas de Hong Kong em protestos pela democracia na China. Há cinco anos, eram cerca de 1 milhão.

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