São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Vendedores invadem litoral

DA "REUTER"

Multidões de vendedores de Bíblias, camelôs oferecendo souvenires e pessoas caracterizadas de soldados transformaram a cidadezinha normanda de Arromanches numa paródia de guerra.
"Você quer uma camiseta do Dia D?" pergunta um holandês alto, vestindo um uniforme de fantasia. "São só 75 francos (US$ 15), para você".
Rodney Wilson, um americano usando boné branco de beisebol, se adianta, colocando um livreto contendo o Evangelho de São João nas mãos do repórter.
Ele oferece o Novo Testamento e o Evangelho de São João aos surpresos estudantes franceses, visitantes e antigos soldados trazidos pelos ônibus que bloqueiam as ruas calçadas de paralelepípedos.
Um grupinho de jovens franceses, seus cabelos compridos e uniformes bizarros, olha boquiaberto para o bunker alemão nos penhascos que dominam a vizinha praia Omaha.
Bizarras colunas de veículos da Segunda Guerra Mundial ostentando bandeiras aliadas provocam um engarrafamento nos arredores da cidade, quando membros das sociedades de preservação militar levam seus jipes e caminhões num desfile matinal.
Alguns deles vestem jaquetas de aviadores e bonés de esqui com cópias de insígnias de divisões aerotransportadas americanas.
Jovens britânicos saem de um bar vestindo uniformes de camuflagem da Otan. Um rapaz está vestido dos pés à cabeça nas cores cinzas do Exército alemão.
Em Arromanches e em outros locais ao longo das praias, operários erguem andaimes, fileiras de assentos e tetos de plástico para chefes de Estado e o mestre de cerimônias, o ex-âncora da TV americana Walter Cronkite.
Vasos de plantas, geradores, lâmpadas, novas placas, toaletes, cabines telefônicas e até novas estradas aparecem, como mágica.
Para descobrir o verdadeiro Dia D, o visitante tem que olhar para o mar, para os destroços e para os senhores com peitos cheios de medalhas que andam pelos penhascos entre os bunkers alemães.

Tradução de Clara Allain

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