São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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China prende 2 no aniversário do massacre

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As prisões de dois dissidentes políticos chineses foram anunciadas ontem, dia do quinto aniversário do massacre dos manifestantes pró-democracia na praça Tiananmen, em Pequim.
Bao Ge, um dos líderes da cidade de Xangai, foi preso pouco antes da meia-noite de sexta-feira em suas casa, disse sua irmã.
Segundo ela, Bao entregou uma carta propondo ao governo criação de uma comissão para investigar a situação dos direitos humanos.
"Acho que foi por causa da carta. Ele esperava ser detido. Ele não estava com medo", disse Bao Yin. A família de Bao esteve sob vigilância desde o final de abril.
Antes de ser preso, Bao entregou uam cópia da carta para jornalistas estrangeiros. Ele disse estar pronto a divulgar os nomes das 167 pessoas que estariam dispostas a tomar parte na organização.
Zhang Lin, ativista pró-democracia, foi preso na quinta-feira da semana passada, mas sua detenção só foi conhecida ontem, divulgada por sua mulher.
Ontem, a capital chinesa esteve tomada por policiais uniformizados e à paisana. Não houve qualquer manifestação lembrando o massacre.
O governo aproveitou a visita do rei Sihanouk, do Camboja, para reforçar a segurança e impedir protestos.
O distrito do campus universitário foi bloqueado por barreiras policiais. A praça Tiananmen, palco do massacre de cinco anos atrás, foi decorada com bandeiras.
Há semanas o governo chinês vem tomando providências para evitar qualquer tipo de protesto relacionado ao episódio, que deixou 300 mortos –segundo dados oficiais– ou mais de 3.000 –segundo dissidentes e jornalistas.
Jornalistas estrangeiros foram advertidos para não tentarem encontros com dissidentes. Há um mês, dois repórteres norte-americanos foram presos por algumas horas.
Os hotéis foram obrigados a cortar até amanhã a recepção da rede internacional de TV CNN.
Mas a política de abertura econômica iniciada em 1978 frustra parte dos esforços para conter a oposição ao regime comunista.
O desenvolvimento das comunicações abre caminho para o contato dos chineses, especialmente os dissidentes, com o exterior.

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