São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Injeção letal é o método menos doloroso

BILL ECENBARGER
DA "THE PHILADELPHIA INQUIRER"

O método de execução mais perfeito em utilização hoje é a injeção letal. Ela foi adotada primeiramente pelo Oklahoma, em 1977, e é hoje o método preferido em 12 Estados.
Na maioria dos Estados, uma combinação de substâncias –potássio para provocar parada cardíaca, outra substância para paralisar os músculos respiratórios e um sedativo– é injetada, por via intravenosa, nos braços do condenado, que fica amarrado a uma maca.
A maioria das autoridades acredita que a injeção letal, quando corretamente aplicada, é menos dolorosa do que os outros métodos de execução.
Mas o condenado pode sofrer dor extrema se as drogas forem injetadas por engano no tecido musculoso em vez de na veia, ou se elas forem administradas na sequência errada.
Muitas vezes a injeção é aplicada por funcionários da prisão, inexperientes ou incompetentes, porque a ética médica impede médicos de participar em execuções.
Várias execuções por injeção letal já foram mal feitas no Texas, deixando as vítimas se contorcendo de dor.
A injeção é lenta –às vezes uma hora transcorre entre a inserção da agulha e a morte.
No dia 13 de março de 1985, na execução de Stephen Peter Morin, no Texas, funcionários tiveram que enfiar agulhas em seus braços e pernas por 45 minutos até encontrar uma veia apropriada para injetar a substância letal.
Uma testemunha desmaiou durante a execução de Stephen McCoy, em 1989, no Texas, quando McCoy começou a engasgar, sufocar e arfar o peito.
Em 1988, também no Texas, depois de a agulha ter sido inserida no braço de Raymond Landry, o tubo contendo as substâncias letais começou a vazar, pulverizando a câmara de execução com as drogas.
Uma cortina foi puxada para obstruir a visão das testemunhas. Durante os 14 minutos seguintes, os presentes ouviram o som de murmúrios e gemidos. Landry só foi declarado morto 24 minutos após a inserção da primeira agulha.
Em algumas instâncias os adversários e defensores da pena capital adotaram posição idêntica em relação à injeção letal.
Eles se uniram em Indiana para derrotar o projeto de lei que pretendia substituir a cadeira elétrica pela injeção letal.
Os adversários, porque temiam que um método menos doloroso de execução pudesse enfraquecer sua causa, e os defensores porque achavam que os assassinos não deveriam ter o direito de morrer com pouca ou nenhuma dor.
Muitos funcionários de prisões rejeitam a injeção letal, porque ela requer um contato manual entre carrasco e vítima.
Daniel B. Vasquez, carcereiro da penitenciária de San Quentin, disse que a câmara de gás é superior à injeção letal porque ela requer apenas o mínimo de contato com o condenado.
"Se eu toco uma pessoa, eu me aproximo muito mais dela. Se vou pedir a meu pessoal que realize uma execução, a última coisa que quero é que eles criem algum tipo de vínculo com o condenado".(BE)

Texto Anterior: Países abolicionistas para todos os crimes
Próximo Texto: Ciência do enforcamento tenta reduzir o sofrimento
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.