São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Safra de café começa com preços altos

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

A colheita da safra brasileira de café está começando em clima de euforia em São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo.
A saca (60 quilos) do produto voltou a atingir valores históricos, com os preços variando entre US$ 120 e US$ 130, o que não acontece desde 1984. Nos últimos anos, a saca ficou ao redor dos US$ 70.
Estimativas do CNC (Conselho Nacional do Café) e da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) indicam colheita de 22 milhões de sacas nesta temporada.
"É uma boa produção", diz o presidente do CNC, Manoel Vicente Bertone.
Na verdade, a safra é bem menor que as anteriores. Em 1987, o Brasil colheu 44 milhões de sacas. Na década de 80, a média foi de 33 milhões de sacas.
A colheita está aquecendo o mercado de trabalho nas regiões produtoras. Segundo o CNC, os 300 mil cafeicultores do país devem empregar nesta safra 1,5 milhão de trabalhadores.
A Fazenda Santa Luiza, em Presidente Alves (400 km a noroeste de SP), foi buscar no norte do Paraná trabalhadores especializados na colheita do café.
Os fazendeiros estão tendo de pagar este ano salários idênticos aos oferecidos no setor de cana.
"Ninguém é contratado por menos de dois salários mínimos por mês", diz o produtor Attílio Fávero, 43.
Na região de Garça, 100 mil pessoas vivem em função da cultura do café, nas lavouras e empresas torrefadoras.
A Garcafé (Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Garça), a terceira maior do Brasil, verifica um aquecimento no setor com o início da safra, que começou na segunda quinzena de maio.
Os produtores fazem planos para investir nas lavouras e aumentaram suas compras de insumos.
Para Maurício Lima Verde Guimarães, presidente da Comissão Técnica de Cafeicultura da Faesp, os fazendeiros devem agir com prudência antes de gastar cada centavo ganho com a produção.
Segundo ele, a recuperação do setor só está acontecendo por causa da escassez do produto no mercado internacional.
Guimarães, que já integrou a delegação brasileira junto à OIC (Organização Internacional do Café) em Londres, diz que na Europa, EUA e Japão existem hoje estoques de 15 milhões de sacas.
"Os estoques no exterior estão baixos. Mas se o Brasil começar a vender café, como se a escassez não existisse, há risco do preço desabar no mercado internacional."

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