São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Informação e decisão no agrobusiness

LUIZ ANTÔNIO PINAZZA

Uma parcela significativa da agropecuária nacional está hoje integrada ao agrobusiness, em constante busca para melhorar a eficiência técnica e econômica dos seus processos de produção.
Os desafios mesmo neste privilegiado segmento de produtores são enormes. De um lado, porque o país está longe de reconhecer a necessidade de implementar políticas de segurança alimentar, que defendam a renda do setor e dêem sustentação à produção. De outro, em função de precisarem competir com o protecionismo dos países desenvolvidos, cujas reformas em suas políticas agrícolas são gradualistas, como bem mostra o recente acordo selado na Rodada Uruguai.
É com todo o atropelo e cercada de distorções estruturais, praticamente insolúveis no curto prazo, que a agricultura brasileira marcha de uma maneira irreversível para a profissionalização.
O setor faz parte de uma sociedade cada vez mais urbana e de baixo poder aquisitivo. A pressão para reduzir custo e aumentar a produtividade é forte. É uma realidade difícil, em que a informação é um insumo indispensável para a tomada de decisão.
Numa agricultura com status de agrobusiness, mas convivendo em ambiente de turbulência, a gestão com visão é aquela que se preocupa em conhecer as tendências da sociedade, em suas perspectivas social, econômica, política, tecnológica, mercadológica, dentre outras.
É através da formulação de cenários que as oportunidades aparecem e permitem um posicionamento privilegiado nos negócios. Os céticos e críticos sustentam argumentos de que ninguém possui bola de cristal, mas para eles é bom lembrar o poema: "navegar é preciso, viver não é preciso". Ou seja, separar aquilo que é necessário do inexato.
Prever a tendência futura em que o agrobusiness dos produtos se situará deve ser encarado como exercício de rotina para os agentes que atuam e defendem os interesses nos diferentes segmentos do sistema de fibras, alimentos e biomassa.
Para o tomador de decisão, a matéria-prima deste trabalho de observação, acompanhamento e análise é a informação, que organiza a visão imediata da conjuntura e auxilia definir com mais segurança preços, compras, vendas e investimentos.
A parceria da Folhacom a Agroceres na "Moeda Verde" (veja na pág. 6-2) surge com o objetivo comum de levar uma boa informação para o agricultor, um dos segmentos mais carentes deste serviço no complexo agroindustrial.
O agricultor, por exemplo, precisa ser alertado que a comparação na relação de troca entre insumo e produto para períodos muito longos pode levar a sérios equívocos.
A matriz tecnológica da agricultura tem mudado muito em anos recentes, com ganhos de produtividade na produção e redução dos preços dos produtos, o que provoca estruturalmente alterações nas relações de troca.
Por isto, para se ter uma boa informação, é preciso juntar dado e conhecimento. E aí vai oportunamente o lembrete do escritor espanhol Miguel de Cervantes, que há quase cinco séculos passados, costumava dizer que um homem bem-informado vale por dois.

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