São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Alta do grão sugere cautela

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Vender a saca de café por algo entre US$ 120 e US$ 150, enquanto os custos de produção, mesmo para os menos produtivos, não ultrapassam em média US$ 80.
Tal matemática pode estar seduzindo diversos produtores rurais, atraídos pela perspectiva de boa remuneração desta cultura.
"Mas tudo que sobe, desce. Esta atual alta do café significa um tombo lá na frente", diz Luiz Moricochi, 50, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Segundo Moricochi, "sem bola de cristal" não é possível saber até quando a alta do café se sustentará nos mercados interno e externo.
Mas é possível saber que o pé de café demora quatro anos para começar a produzir, quando a atual tendência de alta já pode ter se revertido. "É um risco."
Para Moricochi, a tendência é produtores de diversos países apostarem na alta, investirem em seu plantio e o preço cair com o posterior aumento de oferta no mercado internacional.
Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, que trabalha na área de exportação de café, diz que a perspectiva é de os preços continuarem em alta.
Segundo ele, a próxima entressafra, em 95, deve ter preços melhores ainda para o setor.
"O estoque certamente estará menor, a safra de 95 deve ser pequena em todo o mundo e o momento é propício para especulação de preços", afirma Carvalhaes.
Ele diz que na semana passada, por exemplo, os melhores cafés tiveram queda de 10 URVs no mercado e os contratos para entrega em julho cairam 1.715 pontos na Bolsa de Nova York, contra uma alta na semana anterior de 2.310 pontos.
"Este recuo nas cotações não surpreende pois é natural que depois das fortes altas das últimas semanas, os especuladores vendessem parte de suas posições para realizar lucro."
Para Carvalhaes, os aspectos fundamentais deste mercado –como a escassez de produtos– não mudaram e não devem se alterar nos próximos anos.
A última alta da cotação do café aconteceu em 86, quando tipos mais nobres superaram a barreira de US$ 300 a saca, segundo o IEA.

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