São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Lavoura envelhece e perde produtividade

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O parque cafeeiro do Brasil, com 2,5 bilhões de pés, está envelhecendo. A idade vai comprometer a produtividade nos próximos três anos, se não houver renovação das lavouras.
O alerta é do presidente da Comissão Técnica de Café da Federação da Agricultura de São Paulo, Maurício Lima Verde Guimarães.
A média de idade das lavouras brasileiras é de 12 anos. A partir de 15 anos, o pé de café começa a perder produtividade.
O presidente do CNC (Conselho Nacional do Café), Manoel Vicente Bertone, 39, diz que o envelhecimento do parque cafeeiro é consequência da crise que o setor enfrenta há vários anos.
Guimarães acrescenta que a "velhice" dos cafezais é apenas mais um capítulo na crise que o setor atravessou nos últimos 15 anos.
"Um dos primeiros capítulos foi a febre de erradicação, nos anos 70 e 80, que quase acabou com o café no país. Basta dizer que hoje temos 2,5 bilhões de pés em produção. Em 1985 tínhamos 4 bilhões", diz.
Os governos de São Paulo e Paraná lançaram programas para renovação do parque cafeeiro.
São Paulo anunciou recursos de US$ 3 milhões para pequenos e médios produtores.
Este dinheiro permite plantar mais de 100 milhões de pés de café em todo o Estado.
"A renovação do parque cafeeiro é uma corrida contra o relógio", diz Bertone. "Já perdemos quase a metade do nosso parque cafeeiro e uma parte do que sobrou precisa ser renovada."
O presidente do Conselho Nacional do Café alerta para o risco de se plantar café em excesso.
"Excesso de produção só vai prejudicar os produtores, com a queda dos preços no mercado internacional", diz.
Para a renovação é preciso estimular a instalação de viveiros de produção de mudas. Mas como o café se tornou uma atividade de alto risco nos últimos anos é difícil encontrar quem se dedique à produção de mudas.

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