São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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FHC ainda explica aliança aos eleitores

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase um mês depois de a coligação do PSDB com PFL e PTB ser oficializada, Fernando Henrique Cardoso continua tendo que dar explicações ao eleitorado tucano sobre os motivos dessa aliança.
Diariamente, cartas de eleitores insatisfeitos chegam ao gabinete do senador em Brasília e ao seu escritório em São Paulo. FHC já tem um modelo de carta para responder a essas queixas.
A Folha obteve ontem cópia dessa carta-resposta. "Entendo sua preocupação. Mas, sem alianças, o caminho da vitória fica muito difícil", diz Fernando Henrique na carta a seus eleitores.
O candidato cita vários exemplos para convencer o eleitor a aceitar a aliança e votar nele. Um deles foi a atuação do PFL na votação da medida provisória que criou a URV.
"O PFL foi o partido que, desde o início, mais se empenhou na defesa da posição do governo", afirma. "Sem esse apoio, teria sido impossível levar adiante o programa de estabilização lançado por mim".
A assessoria de FHC não sabe o número exato de cartas que o candidato tem recebido protestando contra a aliança. Mas há informações de que chegam diariamente dezenas de cartas.
Em São Paulo, as secretárias de FHC se encarregam de reproduzir cópias da resposta do candidato. Quando o tucano passa pelo escritório, como aconteceu ontem, ele assina as cartas que são enviadas ao Correio.
As cartas reforçam a informação de que ainda há muita resistência à coligação no PSDB. Há o temor de que a insatisfação possa causar mais prejuízos do que eventuais benefícios trazidos pela aliança.
Desafio a Covas
Ainda sem se recuperar da gripe que o deixou de cama no último fim-de-semana, FHC passou o dia de ontem em São Paulo. Abatido, participou de um programa de TV e despachou em seu escritório.
O candidato atribuiu a "preconceitos do Sul" a versão de que, em sua última viagem ao Nordeste, montou em jegue e usou chapéu de vaqueiro para parecer "sertanejo" e agradar o eleitorado local.
"Eu não montei em jegue. Montei num cavalo. O preconceito do Sul é tão grande que cavalo quando é do Nordeste é chamado de jegue", afirma. "Eu sei montar a cavalo. Mas não vou entrar a cavalo no Senado.
Indagado sobre críticas do senador Mário Covas (PSDB-SP) ao seu comportamento no Nordeste, FHC riu e fez um desafio ao seu colega de partido. "Desafio o Mário a andar de cavalo. Se ele quiser uma competição, eu topo".
FHC disse que espera obter o apoio do ex-presidente José Sarney quando ele retornar da viagem que faz ao exterior. "Espero que ele volte da Europa com a cabeça bem-posta, pensando no país".

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