São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Gasto com juros será superior ao previsto

GUSTAVO PATÚ e MÔNICA IZAGUIRRE

GUSTAVO PATÚ; MÔNICA IZAGUIRRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dados do Banco Central colocam sob suspeita a possibilidade de equilíbrio das contas do governo, como prevêem o Orçamento da União para 94 e o Plano Real.
Segundo projeções do BC, a que a Folha teve acesso, os pagamentos de juros das dívidas interna e externa esse ano serão maiores que os US$ 7,7 bilhões previstos no Orçamento.
O BC estima que esses pagamentos cheguem a 2,1% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma dos bens e serviços produzidos no país). Isso dá um valor entre US$ 9 bilhões e US$ 10 bilhões, dependendo do PIB utilizado.
Essa diferença é suficiente para que os gastos do governo superem a receita de 1994. Pela proposta de Orçamento enviada ao Congresso, as despesas são exatamente iguais às receitas públicas.
O equilíbrio das contas é considerado base de sustentação do Plano Real. O objetivo é evitar que o governo emita moeda ou se endivide para cobrir suas despesas.
As projeções do BC datam de fevereiro, mas, segundo a área técnica, não foram reformuladas. O valor previsto para pagamentos de juros de dívida no Orçamento é o mesmo desde dezembro.
O deputado Marcelo Barbieri (PMDB-SP), relator da proposta de Orçamento na Câmara, também suspeita que a previsão de recursos para as dívidas está subestimada.
Barbieri, em seu relatório preliminar, acha "muito estranho" que os US$ 7,7 bilhões previstos em dezembro não tenham se alterado com a alta dos juros do início do ano para cá.
A mesma desconfiança foi compartilhada pela missão técnica do FMI que examinou as contas públicas em março.
O FMI achou que a previsão de gastos estava subestimada, enquanto parte das receitas estava superestimada. O Fundo preferiu não fechar um acordo com o Brasil.

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