São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Esquerda não vende otimismo

REINALDO AZEVEDO
DA REDAÇÃO

O PT pode abandonar um fetiche das esquerdas: a retórica da miséria. A pregação otimista está tradicionalmente ligada ao discurso conservador, de direita.
Foi assim na década de 70, à época do Brasil grande, do milagre econômico.
O governo militar popularizou lemas como "Brasil, ame-o ou deixe-o"'e "Ninguém segura esse país", "bom no samba, bom no couro".
Antes, como agora, a política se misturava com "uma bola em campo e uma taça em jogo", como escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade no poema "Prece de Brasileiro".
Até acidentes geográficos e fenômenos naturais –pororoca e Sete Quedas – eram vendidos como ícones do Brasil grande.
A redemocratização reintroduziu na política o Brasil supostamente real. Signos do otimismo cederam lugar a uma sintaxe naturalista. Nunca se viu tanto pobre sem esperança na TV.
O PT agora acenará aos pobres com a redenção. É ver para crer.

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