São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Indústria paulista corta 10.334 empregos em maio

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria paulista demitiu 10.334 trabalhadores em maio, o que significa uma queda de 0,45% no nível de emprego industrial do Estado de São Paulo, informou a Fiesp.
Este ano, foram fechadas 49.177 vagas, representando uma redução acumulada de 2,09% no nível de emprego.
Horacio Lafer Piva, diretor do departamento de pesquisas da Fiesp, disse que o resultado é "ruim" e "pior do que se imaginava".
Ele afirmou que parte das demissões reflete a redução do nível de atividade da indústria e a formação de estoques causadas pela expectativa com a chegada da nova moeda, o real.
A outra parte, disse, tem "um componente de ajuste estrutural": em resposta à recessão, a indústria aumentou a produtividade.
"A minha impressão é que todos esperam a entrada do real para jogar sério", disse.
Piva disse que a reversão da tendência de queda do emprego industrial não acontecerá de forma significativa com o real.
"Estou otimista dentro de uma perspectiva de médio prazo, porque o crescimento do país é inexorável, seja quem for o vencedor das eleições presidenciais."
Para ele, o processo de "esfriamento" da produção industrial vai ter fim, porque o programa de estabilização vai criar ambiente para novos investimentos.
O nível de emprego industrial da Fiesp mostra uma queda de 3,21% nos últimos 12 meses, quando foram demitidos 76.391 trabalhadores.
A pesquisa da Fiesp revela que em maio –o oitavo mês consecutivo de demissões– a metade dos 46 setores entrevistados demitiram mais que contrataram.
O oposto ocorreu em 12 setores; 23 ficaram estáveis.
Entre os setores que tiveram desempenho positivo estão curtimento de couros (3,52%), mármores e granitos (2,0%) e rações balanceadas (2,54%).
Entre os que demitiram destacam-se adubos e corretivos agrícolas (-6,74%), fiação e tecelagem (-5,94%) e produtos químicos (-4,78%).
Franz Reimer, diretor de economia da Fiesp, atribui a onda de demissões na indústria a um processo de ajuste estrutural, resultante de ganhos de produtividade.
Para ele, é difícil saber se a recuperação da demanda com a chegada do real vai reverter a tendência de demissões.
Ele disse ter esperança de que a estabilização pare as demissões.

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