São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Sistema tático da Nigéria é defensivo

Time é exemplo da evolução africana

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

O surgimento da Nigéria no cenário mundial do futebol não é mais do que um exemplo da evolução geral do futebol africano. As primeira aparições dos africanos em Copas foram cercadas de gozação. Tratava-se definitivamente, de algo exótico e colorido.
Depois, tudo mudou. O primeiro passo, dado por Camarões, animou os demais. Agora, no Mundial dos EUA, Nigéria pode brilhar. De fato, eles não têm nada a perder e muito a ganhar.
Sua inexperiência e sua debilidade tática são os seus pontos mais adversos. Sem dúvida, são jogadores acostumados a jogar em altas temperaturas –como as que se vai encontrar na Copa– e fisicamente superdotados.
Mesmo para nós, os que vivemos o futebol no dia-a-dia, os jogadores nigerianos não são uns desconhecidos. De fato, 16 dos convocados jogam no exterior e apenas um entre os 11 titulares não joga na Europa.
O meu país, a Holanda, e a Bélgica, são os que mais têm rastreado o mercado nigeriano de jogadores.
Os dirigentes de clube não tinham muito dinheiro e pensaram que na Nigéria havia bons e jovens jogadores com pouca escola, mas bastante talento para ser aprimorado. Então, gastaram pouco e hoje têm muito.
O goleio Rufai (Go Ahead Eagles), os zagueiros Okechuku (Roda) e Iraha (Vitesse) e o meio-campo Finidi (Ajax) despontam na Holanda.
Na Bélgica, os destaques são os zagueiros Keshi (Racing), Eguavon (Courtrai), Nwanu (Anderlecht) e Amokachi (Bruges).
Também estão em evidência Okocha (Eintracht Frankfurt, Alemanha), Ikpeba (Monaco, França) e Yekini (Vitória de Setúbal, Portugal)
O sistema tático dos campeões africanos será defensivo. O técnico Westerhoff usará cinco zagueiros, três meio-campos e dois atacantes.
Os progranósticos não são favoráveis aos nigerianos, mas o que jogam na Espanha –o goleiro Wilfred, do Rayo Vallecano, e o atacante Mutiu, do Racing de Santander– asseguram que serão a grande revelação da Copa.

O holandês JOHAN CRUYFF, técnico do Barcelona, escreve às terças, quintas e domingos

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