São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Cláudia Raia volta em show sofisticado

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Cláudia Raia volta em show sofisticado
Cláudia Raia, 27, está na moda. Há dois anos seu musical “Não Fuja da Raia” foi execrado pela crítica paulistana.
Hoje, além de ter se livrado do estigma de “eleitora número 1 de Fernando Collor”, ela caiu nas graças dos críticos , que só fazem elogiar seu novo show, “Nas Raias da Loucura” (em cartaz no Teatro Procópio Ferreira).
Também pudera. O novo espetáculo, dirigido por Jorge Fernando, com texto de Sílvio de Abreu e músicas de Zé Rodrix, tem um pique infernal.
Entre cenários mirabolantes, ela revela que a estafante malhação a que se submete diariamente e as religiosas aulas de canto renderam frutos. Cláudia Raia é, no momento, a grande “star” dos palcos tapuias.

Folha - Qual a diferença entre “Nas Raias da Loucura” e o último show, “Não Fuja da Raia”?
Cláudia Raia - Quem viu “Não Fuja da Raia” não ia esperar que eu agora estivesse fazendo Bretch. “Nas Raias da Loucura” é puro divertimento.
Folha - Você fica no palco 100% do tempo?
Cláudia - O grande trunfo do espetáculo é que as coxias são abertas, tudo é aparente. O trabalho dos maquinistas, as trocas de roupa. Ficou moderno.
Esse show é mais sofisticado, mais performático do que o outro, que era mais teatro de revista. Neste você nota mais a atriz, a comediante.
Folha - A comédia é seu ponto alto?
Cláudia - É, eu adoro. Neste show a gente perdeu totalmente o pudor, o medo do ridículo. O humor agora está escrachadérrimo.
Folha - Sílvio de Abreu, escreveu alguns de seus melhores papéis na televisão...
Cláudia - Temos afinidade. O Sílvio escreve como eu falo.
Folha - Você interferiu no texto dele?
Cláudia - Eu sempre explico o que eu quero falar. Por exemplo, na música, eu disse para o Zé Rodrix, o que eu queria passar.
Folha - Você pegou o que há de melhor: Zé Rodrix, Sílvio de Abreu, Jorge Fernando...
Cláudia - Tem que ser! A gente já não tem tradição em musical, então tem de pegar o melhor.
Folha - Você se considera boa cantora?
Cláudia - Não. Estou estudando muito e sei que melhorei muito. Sempre sofri para cantar. Mas, tenho me esforçado. Hoje, tenho prazer em cantar.
Folha - E o cigarro? Você continua sem fumar?
Cláudia - Há três anos. Inclusive, falo isso no show. Tenho o dispudor de caçoar de mim. É a minha cara fazer isso.
Então, falo da plástica no nariz, brinco que na novela “Rainha da Sucata” eu estava tão gorda que parecia que fazia papel duplo. O público fala isso, então, antes que eles falem, eu me antecipo.
Folha - E seu casamento com o Edson Celulari em uma cerimônia budista? Parece o Richard Gere e a Cindy Crawford.
Cláudia - Há quatro anos, conheci uma budista. Eu estava em uma fase difícil, me separando, e ela me encaminhou para o budismo. O catolicismo sempre me deixou dúvidas...
Folha - Aí, você converteu o Edson?
Cláudia - É. Quando começamos a namorar, eu já era budista. Trata-se de uma religião discreta.
Folha - Mas você não é nada discreta!
Cláudia - Pois é, mas a religião me cativou. O budismo me equilibrou demais. A relação do budismo com a morte, é uma coisa que me ajudou.
Folha - Baixou a Shirley MacLaine, que além de ser atriz e bailarina como você, também fala em reencarnação? Você conhece suas vidas passadas?
Cláudia - Já soube de vidas passadas minhas. Essa coisa da dança já vem de várias reencarnações.
Soube também, que em uma outra vida, morri de insolação. Por isso tenho pavor do sol.
Folha - Você faz 500 abdominais por dia. Não é um exagero? Assim você ainda mata o Edson Celulari!
Cláudia - É. Ele sempre fala: “Não sei como você aguenta”.
Folha - Jô Soares, Fausto Silva, Fernando Collor, Alexandre Frota, Edson Celulari. Qual, afinal, é seu tipo de homem?
Cláudia - O Edson Celulari. O Collor é o único da lista com quem eu não tive nada.
Folha - Você acha que o Collor deveria estar na cadeia?
Cláudia - Eu estou anestesiada até agora. Não sei o que aconteceu. Como ninguém veio a público para explicar nada? Não sei qual é o castigo maior, acho que é o que ele está passando.
Folha - Você deve ter aprendido uma lição. Aposto que, nesta eleição, você não vai apoiar ninguém publicamente.
Cláudia - Palanque nem que me paguem em pepita de ouro! Nunca mais!
Folha - O que você acha quando vê o Alexandre Frota declarar em entrevistas quem ele comeu ou deixou de comer?
Cláudia - É a cara dele. Gosto muito dele, tenho muito carinho, mas ele não é o homem que eu quero para a minha vida.
Folha - Tua mãe, dona Odete, é a típica mãe de miss?
Cláudia - Não! Minha mãe é uma lady. Tudo o que eu sou de albarde, ela é de nobre. Não cai do salto nunca. É uma simpatia!

Espetáculo: Nas Raias da Loucura
Elenco: Cláudia Raia
Direção: Jorge Fernando
Texto: Sílvio de Abreu
Músicas: Zé Rodrix
Onde: Teatro Procópio Ferreira (r. Augusta, 2823, Jardim Paulista)
Quando: quartas a sábados, às 21h30, domingos, às 19h
Quanto: de CR$ 12 mil a CR% 25 mil

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