São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Normandia reúne líderes de 19 países

ANDRÉ LAHÓZ
ENVIADO ESPECIAL A CAEN

A Normandia (norte da França) parou ontem para comemorar os 50 anos do início de sua liberação das forças nazistas.
Em 6 de junho de 1944, o chamado Dia D, cerca de 150 mil soldados aliados (basicamente americanos, britânicos e canadenses) desembarcaram nas praias da região para expulsar os alemães.
O dia ontem foi repleto de comemorações. O presidente francês, François Mitterrand, esteve em várias homenagens aos soldados mortos em combate, ocorridas na praia Utah (uma das cinco onde os aliados desembarcaram) e nos cemitérios britânico e canadense.
Mas a cerimônia mais importante ocorreu na praia Omaha. Essa praia foi onde as batalhas mais violentas ocorreram, com 2.000 vítimas somente no primeiro dia do desembarque.
Ontem, ali estavam 19 chefes de Estado ou governo, entre os quais Mitterrand, o presidente dos EUA, Bill Clinton, a rainha britânica, Elizabeth 2ª, e o primeiro-ministro do Reino Unido, John Major.
Alguns milhares de pessoas assistiram à cerimônia, dos quais boa parte antigos combatentes.
O público pôde assistir a desfiles de tropas e bandas, além de uma demonstração de aviões.
Mas o ponto alto foi o discurso do presidente francês. Mitterrand homenageou mais uma vez os soldados que participaram da guerra.
Disse que "após o desembarque as batalhas continuaram por mais um ano. E essa guerra não acabou. Ela continua hoje em dia, contra os campos de concentração, as torturas e outros instrumentos de poder sem alma".
Mitterrand chamou a atenção para "a bravura dos britânicos, que se mantiveram lutando sozinhos durante um ano inteiro, a organização e força dos norte-americanos e canadenses, a bravura do povo russo, que neutralizou o inimigo na frente leste, a Resistência francesa, que deu apoio aos aliados, e os opositores alemães do nazismo, que também estiveram do nosso lado".
As estradas da Normandia estiveram fechadas durante o dia. Nelas só circulavam veteranos, autoridades e jornalistas credenciados.
As entradas para as cerimônias oficiais foram absolutamente controladas, com revista de todos os presentes.
A maioria do público era formada por veteranos e os demais eram pessoas da região, escolhidas previamente pelos organizadores.
O restante da população local teve que se contentar com a TV, que transmitiu as cerimônias.
À noite, milhares de pessoas estiveram em Caen para o fim das comemorações. Lá puderam ver um show com a participação de 2.000 figurantes. Uma enorme pirâmide de aço foi erguida no local.
No domingo, a emoção das comemorações foi grande demais para um ex-combatente, que morreu após uma crise cardíaca.
Outros dois foram internados em estado grave. A identidade deles não foi revelada.
Em Mitcheville (Maryland, EUA), na mesma hora da cerimônia morreu o jornalista John Wilhelm, 78, um dos três repórteres norte-americanos que desembarcaram com as tropas aliadas m 1944 a serviço da "Reuter".

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