São Paulo, terça-feira, 7 de junho de 1994
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Russos e alemães não participam

ANDRÉ LAHOZ
DO ENVIADO ESPECIAL

Nem todos os países envolvidos na Segunda Guerra estiveram representados nas comemorações que ocorreram ontem na Normandia. Alemanha e Rússia foram as maiores ausências em uma festa que reuniu chefes de Estado ou governo de 19 países.
Os alemães não foram convidados para as festas de ontem, mas o presidente François Mitterrand e o chanceler alemão, Helmut Kohl, se apressaram a afastar qualquer incidente diplomático.
"Em nenhum momento eu solicitei um convite", afirmou Kohl. "Uma participação alemã nesta festa não seria oportuna." Mitterrand confirmou que "não houve nenhum mal-entendido. Decidimos juntos que essa não seria a melhor oportunidade de celebrar a amizade entre França e Alemanha".
Os dois se disseram de acordo também quanto à criação de uma Marinha européia, com forças de todos os países, entre eles a Alemanha. "É a melhor forma de evitar novas guerras. A desunião nunca trouxe a paz", disse Mitterrand.
Os russos também foram barrados, apesar da vital atuação das forças da URSS. Muitos creditam o sucesso do desembarque na Normandia aos combates na frente leste, que mantinham boa parte do Exército alemão longe da França.
"O desembarque só aconteceu quando a sorte da Alemanha já estava lançada", afirma o professor de história Naumov, da Universidade de Moscou. "Parece que o Ocidente se esquece dos 25 milhões de soviéticos mortos."
Em Moscou, o presidente russo, Boris Ieltsin, disse que a exclusão de seu país das comemorações não é importante. "Nós não os convidamos para nossas celebrações dos cinquentenários das batalhas de Kursk (1943) e de Stalingrado (1942), mesmo eles tendo sido nossos aliados", afirmou.
O presidente polonês, Lech Walesa, presente nas comemorações, declarou ainda em Varsóvia que "os poloneses foram traídos" pelos aliados e que iria repetir isso a todos assim que possível.
"Nós lutamos pelos ocidentais, que não fizeram grande coisa por nós", afirmou, referindo-se ao ataque alemão em 1939 e aos acordos de Ialta, ao fim da guerra, que deixaram a Polônia na área de influência da URSS.(AL)

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