São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 1994
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Leia íntegra da nota do Fórum das Seis

Leia a seguir a íntegra do comunicado do Fórum das Seis, criticando nota do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) divulgada ontem:

O comunicado do Cruesp publicado na Folha de S. Paulo no dia 9/6, que não foi, até o presente momento, recebido oficialmente pelo Fórum, falta com a verdade, tratando-se de mais uma tentativa dos reitores da USP, Unesp e Unicamp de manipular a opinião pública através da desinformação.
É falsa a alegação de que docentes e funcionários entraram em greve "antes mesmo de iniciar as negociações". É falsa a afirmação de que os sindicatos "mantiveram a mesma proposta em sucessivas rodadas de negociações". Por fim, é falso que as entidades recusaram-se a negociar.
A simples transcrição das fitas das reuniões de negociação demonstraria quem está com a verdade. A greve começou no dia 16 de maio, 45 dias após termos entregue a pauta de reivindicações. A negociação teve início no dia 29 de abril e, no momento da deflagração da greve, estava num impasse. Pela terceira reunião consecutiva o Cruesp reafirmava a proposta de 8% para maio, dispunha-se a pagar a inflação Fipe em junho e apenas enunciava princípios de uma política salarial para os meses seguintes. No dia 24 de maio, o Fórum apresentou uma contraproposta que reduzia de 37% para 27% a reivindicação do reajuste de maio e reafirmava sua proposta de política salarial. Dessa forma, 8 dias após o início da greve, o Fórum demonstrava flexibilidade e disposição de negociar. De seu lado, o Cruesp fechava unilateralmente o diálogo. A negociação só seria reaberta no dia 1º de junho por pressão do movimento, dos conselhos universitários e de parlamentares. Nessa reunião, o Cruesp propôs uma política salarial baseada num comprometimento máximo de 85% do repasse do ICMS. Os negociadores do Fórum propuseram outros índices que seriam analisados em nova reunião. Em 6 de junho, numa reunião que durou mais de dez horas, o Cruesp rejeitou as sugestões do Fórum e praticamente reafirmou os termos de sua proposta anterior. Esta já foi objeto de comunicado do Cruesp e de análise por parte do Fórum. Ressaltamos o absurdo dos reitores não se disporem a cumprir no primeiro semestre o mesmo nível de comprometimento que dizem que irão cumprir no segundo semestre. Como combinado na mesa de negociação, após as assembléias de 8 de junho, enviamos nossa segunda contraproposta. Aguardamos até o momento uma nova reunião.
Encastelados na intransigência, os reitores faltam com o respeito à manifestação de congregações, conselhos de departamentos e conselhos universitários. faltam com o respeito também à Assembléia Legislativa e às suas Comissões de Educação e de Ciência e Tecnologia, deixando de comparecer a reuniões agendadas e a sessões de esclarecimento público. Os reitores dão testemunho, desse modo, de sua incapacidade para defender a universidade pública e apóiam a política do governo Fleury de arrocho de verbas para os serviços públicos essenciais.
É inaceitável a tentativa de desqualificar um movimento que se insurge contra o pior salário real médio dos últimos 20 anos, movimento este que tem sido o principal responsável pelo fato de que as universidades estaduais ainda não foram completamente sucateadas. É fundamental que os reitores passem a tratar com respeito e seriedade a grave situação das universidades estaduais paulistas.
Fórum das Seis
Adusp, Adunesp, Adunicamp, Sintusp, Sintunesp, STU, Sinteps.

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