São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 1994
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Consulado Mineiro honra a cozinha simples

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Produto raro em São Paulo são os restaurantes de cozinha brasileira. Os que justificam uma visita, mais raros ainda. Em Pinheiros há um que, nos limites de sua simplicidade e no apelo de seus preços, merece ser conhecido: o Consulado Mineiro.
O restaurante nasceu há três anos, como extensão da casa onde moraram seus proprietários depois de terem deixado a fazenda onde nasceram em Minas Gerais.
Os irmãos Fernando, 36, responsável pela cozinha, e Geraldo Magela Carneiro, 44, foram criados no campo, num Estado onde a comida, embora seja mais rústica que sofisticada, é coisa levada muito a sério. O apartamento onde eles moravam com outros irmãos em São Paulo recebia tantos mineiros, que ali procuravam um saudoso prato de tutu, que a república estudantil virou "consulado mineiro", o apelido do lugar.
Desiludidos com suas profissões, os irmãos abriram o restaurante. A honestidade da comida, os preços mais que razoáveis para pratos que tranquilamente alimentam uma dupla de comensais, fez o ponto pegar.
Hoje, nos finais de semana, são inevitáveis filas nas ruas no horário do almoço. O que não impede a presença de visitantes estrangeiros, que aguardam pacientemente para experimentar cachaças mineiras como a Havana, a Germana ou a Salinas. E que não se arrependem de comer uma comida que, a despeito de sua fama, não é pesada o suficiente para espantar paladares menos preparados.
A comida do Consulado Mineiro tem, de fato, o mérito de ser leve (tanto quanto é possível adjetivar assim a carne de porco e os pratos de feijão) e feita cuidadosamente. O reparo a ser feito é até o oposto: o tutu de feijão, feito com farinha de milho (e não de mandioca), peca não por ser pesado, mas por carecer de mais força nos temperos.
Apesar disso, há méritos como a couve crocante, feita em panela de pedra; há a sequinha costela de porco, que pode vir com tutu ou com canjiquinha de milho; há a carne-de-sol desfiada, que pode vir no mexidão (com arroz, feijão e ovo), ou então passada na manteiga com cebola e servida com feijão, couve e batata frita.
Também da tradição mineira são o torresmo sequinho, o frango com quiabo, e a vaca atolada –costela (que podia ser mais cozida, mais macia) misturada num caldo grosso de mandioca. Tudo servido num ambiente apertadinho mas sempre asseado.

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