São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula se opõe a assessor e ataca lei antitruste

AMÉRICO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem, em Porto Alegre, que a aprovação da lei antitruste é importante apenas "do ponto de vista da mídia".
Segundo ele, é preciso que o governo federal tenha um pouco mais de "competência e vontade política" para controlar os abusos nos reajustes dos preços.
Na avaliação de Lula, o governo sabe quais são as empresas que estão remarcando seus preços, mas "não faz nada".
O candidato do PT acredita que já existem leis "de monte" para controlar os abusos econômicos: "Não adianta nada o governo fazer uma lei, e essa lei ficar engavetada porque o governo não tem instrumentos de controle de preços".
Essa posição é oposta à defendida pelo deputado federal Aloizio Mercadante (PT-SP), principal coordenador do programa econômico de Lula.
Na terça-feira, ele chegou a citar a própria lei antitruste aprovada esta semana pelo Congresso Nacional como um importante fator para a estabilização da economia.
Lula criticou também o candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso. O petista creditou o crescimento da mortalidade infantil no Brasil à gestão de FHC no Ministério da Fazenda.
Lula acusou o ex-ministro de ter desviado verbas que seriam destinadas à saúde para criar o Fundo Social de Emergência. "A mortalidade cresceu exatamente no ano em que o Fernando Henrique foi ministro da Fazenda", disse.
Ao saber, no Rio, das afirmações de Lula, FHC deu risada e disse que é importante que um candidato à Presidência "saiba realmente das coisas".
FHC disse que o fundo começou a funcionar neste ano, quando ele já não era mais ministro.
"Foi para atender à área social que o fundo foi aprovado com os votos do PT". Sobre desvios de verba do fundo da área social para outras áreas, FHC disse: "Isso já não foi na minha gestão".
Em Porto Alegre, Lula almoçou com cerca de 600 empresários ligados à Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil.
Durante o almoço, voltou a criticar FHC, afirmando que ele reduziu alíquotas de importação e que isso geraria desemprego.
Ele fez um discurso pedindo o apoio do empresários e citando dados da economia local –como as dificuldades dos fabricantes de sapatos gaúchos de competir com os produtos chineses no exterior.
Foi aplaudidos várias vezes, em especial quando afirmou que "a sociedade tem culpa pela classe política que tem".
O candidato do PDT, Leonel Brizola, também foi criticado. Lula ironizou a sua proposta de desarmamento.
Durante o almoço com empresários, recebeu um álbum de fotografias de Esther Grossi, candidata a deputada federal pelo PT.
Ela foi secretária de Educação de Porto Alegre durante o governo Olívio Dutra.
Esther estava com os cabelos pintados de roxo. Ela troca a cor dos cabelos frequentemente e está usando isso como marketing político na sua campanha.

Colaborou Sucursal do Rio

Texto Anterior: STF autoriza inquérito para investigar Fiuza
Próximo Texto: Lula apóia reivindicação militar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.