São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
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Collor critica Fernando Henrique

EDNA DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRN) disse ontem à Folha, por telefone, de Brasília, que o Plano Real "não existe, é natimorto" (já nasceu morto).
Collor criticou Fernando Henrique Cardoso (PSDB) por ter trocado a condução do plano pela disputa eleitoral. "O barco está à deriva", afirmou. A seguir, os principais trechos:

Folha - O sr. pretende participar da campanha eleitoral?
Fernando Collor - Devo absoluta obediência ao meu partido, o PRN. Como filiado estou absolutamente engajado. Poderei ir aos comícios e subir em palanques. Eu farei isso indistintamente com todos que queiram a minha participação em termos de proposta. Eu estou disposto a explicar o programa do partido e de relançá-lo.
Folha - Como o sr. avalia a atual campanha presidencial?
Collor - A campanha está morna. Até agora não eletrizou a sociedade. É uma campanha sem brilho, sem entusiasmo. Não se vê nenhuma participação popular. Falta mobilização. Talvez após a Copa do Mundo melhore.
Folha - O sr. acredita no êxito do Plano Real?
Collor - Este plano não existe, é natimorto. Ele não obedeceu a dois pré-requisitos: o ajuste fiscal não foi feito e a revisão constitucional foi inviabilizada. O equilíbrio fiscal não foi alcançado. O que mais assusta é a previsão de inflação entre 5% e 10%. O real é o dólar de cara pintada. Inflação em dólar é muito pior que inflação em cruzeiro real.
Folha - O sr. considera o plano econômico eleitoreiro?
Collor - O lançamento do plano obedeceu o calendário pessoal do ministro, em vez de obedecer à necessidade nacional. O ministro Fernando Henrique Cardoso abandonou o barco no momento que ele precisava do timoneiro. Agora o barco está à deriva.
Folha - Qual sua avaliação sobre o governo Itamar Franco?
Collor - A Folha traz hoje (ontem) uma matéria sobre mortalidade infantil que demonstra que durante o período que estive no governo houve uma melhora neste setor. Depois que saí houve um recrudescimento. Há um descaso pelas questões sociais.

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